Institutos estaduais apresentam novas tecnologias na Agrishow

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de abril de 2018 às 20:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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Projetos de órgãos ligados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP serão apresentados no evento

Segundo dados da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o mercado
mundial de plantas aquáticas movimentou US$ 11,4 bilhões em 2016, com uma
produção total de 30,1 milhões de toneladas.

De olho na importância econômica desse mercado, o
Instituto de Pesca (IP), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado
de São Paulo, desenvolve desde 1995 estudos com a macroalga marinha Kappaphycus alvarezii, que apresenta potencial de
aplicação em diversos segmentos da indústria, como o de biofertilizantes,
biocombustíveis, cosméticos, rações, dentre outros.

Os resultados preliminares do projeto de pesquisa
intitulado “Desenvolvimento ordenado e potencial da produção da macroalga Kappaphycus alvarezii no Estado de São Paulo para a
extração do biofertilizante”, realizado pelo Instituto de Pesca em parceria com
a Faculdade de Engenharia Agrícola (Fepagri), da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), serão apresentados ao público entre os dias 30 de abril e 04
de maio, durante a Agrishow 2018, que acontece em Ribeirão Preto.

De acordo com a pesquisadora do IP Valéria Cress
Gelli, que coordena o projeto, os resultados obtidos demonstraram que o extrato
da macroalga pode ser considerado um estimulante agrícola e sua eficiência já
foi comprovada também em diversos estudos. “Os testes preliminares que
realizamos demonstraram que o extrato da macroalga em uma concentração de 2%
resultou em um aumento de produtividade de aproximadamente 25% na cultura da
alface quando comparado aos biofertilizantes comerciais. Novos testes devem ser
realizados, porém a eficiência deste extrato tem sido estudada mundialmente com
sucesso em outras culturas, como, por exemplo, a da soja, pimentão, milho,
cana, trigo”, diz a pesquisadora.

Prevenção

Outro ponto positivo da utilização da macroalga para
esse fim é que o produto é biodegradável e previne doenças nas lavouras,
principalmente as causadas por fungos e bactérias, conta Valéria Cress Gelli.

O projeto também tem o objetivo de desenvolver de
forma sustentada, ordenada e responsável o cultivo de algas, ou algicultura, no
litoral norte de São Paulo, a fim de que se torne uma alternativa de trabalho e
renda para as comunidades litorâneas, em particular aquelas relacionadas à
produção aquícola familiar e/ou artesanal. “Nos estudos de viabilidade
econômica realizados, concluímos que a produção do extrato da macroalga, de
forma artesanal, passa a ser rentável a partir de áreas de cultivo de 2.000 m²
de lâmina d’água. Além destes estudos de eficiência econômica, estamos também
realizando pesquisas com o uso de geotecnologias para o ordenamento espacial da
atividade em todo o litoral norte de São Paulo, com o objetivo de colaborar nas
políticas públicas da maricultura paulista”, explica Jansle Vieira Rocha, professor
e pesquisador da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.

Controle

O Instituto Biológico (IB), também ligado à
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, levará à
Agrishow as tecnologias para o controle biológico de pragas e doenças, que
serão expostas no espaço Vitrine Tecnológica para Pequena Propriedade.

Uma delas será o controle biológico do ácaro-rajado
em plantas ornamentais, como rosas, orquídeas e gérberas. Os trabalhos do IB
garantem controle efetivo da praga, com o uso mínimo de defensivos agrícolas.
As pesquisas do IB possibilitaram a redução de até 70% de acaricidas para o
cultivo de gérberas e crisântemos e até mesmo a eliminação do uso dos produtos
em rosas e orquídeas.

Os estudos do IB envolveram os floricultores da
região de Arujá, um dos principais polos de floricultores do Estado. Os
produtores enfrentavam problemas para controlar o ácaro-rajado. O uso constante
de acaricidas estava selecionando os ácaros resistentes, diminuindo
drasticamente os efeitos do produto. “Com aplicação exclusiva de produtos
químicos, alguns produtores estavam obtendo níveis de controle abaixo de 20%
para diversos acaricidas. Com a adoção de estratégia de manejo, incluindo o
controle biológico, proposta pelo IB, é possível chegar ao controle efetivo da
praga, acima de 80% de eficácia, com o uso mínimo de acaricidas”, explica Mário
Eidi Sato, pesquisador do IB.

Agentes

O controle biológico consiste no uso de inimigos
naturais para diminuir a população de uma praga. “Componente fundamental da
natureza, o controle biológico abre espaço para uma agricultura mais
sustentável. Resumidamente, pode ser definido como a natureza controlando a
natureza”, explica Antonio Batista Filho, diretor-geral do IB.

Os agentes de controle biológico agem em um alvo
específico, não deixam resíduos nos alimentos, são seguros para o trabalhador
rural, protegem a biodiversidade e preservam os polinizadores. “O avanço
tecnológico na produção de alimentos em fundação da utilização de insumos
modernos é indiscutível. Contudo, o emprego inadequado tem levado a situações
de risco. Existe a consciência de que é necessário encontrar um ponto de
equilíbrio que compatibilize a demanda crescente de produção de alimento e
preservação do futuro. O controle biológico é uma ferramenta importante para
isso”, afirma Batista Filho.


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