​Indústria mineira também espera retomar exportações de calçados para Argentina

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de janeiro de 2016 às 10:53
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:34
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Calçados e automóveis, são dois dos principais produtos da pauta entre brasileiros e argentinos

Presidente da Argentina, Maurício Macri: abrindo mercados com o Brasil (Foto Arquivo JF)

Menos de um mês depois da posse do novo presidente argentino Maurício Macri, ex-prefeito de Buenos Aires e ex-presidente do Boca Juniors e reconhecidamente opositor do kirchnerismo, alteram-se radicalmente as relações entre Brasil e Argentina.

Num rumo liberal, o político modifica consideravelmente o fluxo da política entre os dois países. Uma das medidas mais relevantes é a postura avessa às barreiras protecionistas adotadas ao longo da última década por Cristina Kirchner.

A maior abertura do mercado vizinho – e o atual patamar do dólar – é sinal de dias melhores para a exportação de calçados e automóveis, dois dos principais produtos da pauta entre empresas brasileiras e argentinas.

As barreiras impediram a entrada de milhares de calçados brasileiros na Argentina nos últimos quatro anos. Em 2011, o volume exportado pelos empresários mineiros era de 674 mil pares, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). 

No ano seguinte, com a vigência das barreiras, o total caiu para menos da metade. Apenas no ano passado o volume superou a marca de 2011. Ao todo, 922 mil pares foram vendidos.

A ampliação das vendas ainda no ano passado é sinal de que o real desvalorizado facilita o ingresso de produtos nacionais em outros mercados. Mas, ao se observar a fatia exportada anos atrás, é visível a possibilidade de crescimento da participação da Argentina nesta pauta. 

Pelos números do Mdic, em 2011, o volume exportado para a Argentina representava 44,68% do total vendido no exterior. No ano passado, as encomendas para lá representaram apenas 12,18% do total. 

“Depois que a Cristina Kirchner começou a reter nossos calçados na alfândega, as exportações recuaram muito. Hoje, até a Colômbia importa mais que a Argentina. Então estamos com uma expectativa muito positiva para retomar as vendas”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria do Calçado de Nova Serrana (Sindinova), principal polo produtor de calçados do estado, Pedro Gomes. 

Antes das restrições, diz ele, o país era responsável por 6% das encomendas da produção da região. Gomes diz esperar mais novidades sobre a relação comercial entre os dois países nas reuniões da Couromoda, maior feira de calçados da América Latina, com forte presença de argentinos.

Em antecipação à decisão da Organização Mundial de Comércio (OMC), a Declaração Jurada de Autorização à Importação (DJAI) deixou de vigorar uns dias antes por decisão de Macri.

A DJAI impunha restrições à entrada automática de milhares de produtos. No caso de perecíveis, as mercadorias eram devolvidas sob o risco de deterioração. Em relação aos calçados, a reclamação era que a lentidão fazia com que os produtos chegassem aos importadores já fora da moda.

Alteração de rota

Logo que assumiu, presidente argentino fez modificações rápidas na política econômica do país

14 de dezembro

Os impostos relativos às exportações de grãos (trigo, milho e sorgo) são zerados para incentivar a produção agrícola. No caso da soja, a alíquota é reduzida de 35% para 30%.

15 de dezembro

O presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, aumentou as taxas de juros em nove pontos percentuais para Letras de Crédito do Banco Central. Depois, as mesmas foram reduzidas em cinco pontos, para 33%.

17 de dezembro

A cotação do dólar é unificada e o controle para compra da moeda norte-americana e transferência de divisas de empresas multinacionais para suas sedes no exterior é extinto.


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