​Histórias de Paraty ouvidas de dentro de uma charrete

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 16:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:05
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Fiquei pensando no que escrever para a coluna de hoje. Sabe como é… quando a gente volta de férias a cabeça tá vazia, os pensamentos fogem como as moedas do bolso para as mãos da moça do pedágio. E, por falar nisso, quantos pedágios temos no Estado de São Paulo, não? E a maioria bem caro, né?

Bom… resolvi então contar uma parte das férias em família.

Fomos para Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, mais uma vez. Pra mim, férias tem que ter praia. Ficamos indo e vindo, conhecendo praias novas nos sentidos Caraguá/Ubatuba e Caraguá/São Sebastião. Ficamos nas areias de Caraguatatuba apenas quando o tempo está nublado.

Na quarta-feira, quando os corpos já estavam torrados de sol, tiramos o dia pra um passeio cultural. Já fomos ao Projeto Tamar e no Aquário de Ubatuba, entre outros. Desta feita resolvemos ir à PARATY-RJ.

PARATY – um olhar de parte da história dentro de uma charrete

Chegamos a Paraty-RJ fácil – as estradas cariocas estavam ótimas (sem nenhum pedágio até lá.

Na cidade, tentávamos nos equilibrar nos paralelepípedos do Centro Cultural da cidade carioca. Ente uns escorregões e outro fomos sendo engolidos pelo comércio local. Todas as casas muito bonitas, sob o ponto de vista cultural. Mas quase tudo muito igual. Foi ficando chato.

Eis que o passeio ficou mais interessante e só fez sentido quando um guia nos ofereceu um passeio numa charrete.

O cara tem tudo na ponta da língua E que língua rápida. Precisávamos nos segurar na charrete – os paralelepípedos estão como há anos e sem reparos. Dá uns trancos. Só a língua do condutor é que não. Ele disparou a falar sobre cada edificação. Precisava ficar esperto para não perder os detalhes.

Daí todas aquelas casas que pareciam iguais fizeram sentido.

-Tá vendo aquela ali? Foi gravado nela a novela Sinhá Moça. A casa é de propriedade de Roberto Marinho (ela fala como se ele estivesse vivo). Está avaliada em 48 milhões. Tem dois seguranças que ficam dia e noite, vigiando.

– Esse muro aí foi construído com não sei o que de Baleia (não consegui captar o que era) pelos negros.

Tem três igrejas lá.

– Aquela ali era frequentada só por mulheres.

– E a outra por escravos.

– E aquela ali por brancos e portugueses. Ela foi construída por escravos. Muitos morreram durante a construção e foram enterrados aqui nessa pracinha.

– Tá vendo os telhados dessas construções? Vejam a diferença de cada um deles. Os que possuem a beirada com três telhas eram de brancos e portugueses. Os que tinham duas telhas eram de pardos e mestiços. As casas que tinham uma telha eram para (não lembro agora) e as que não tinham nenhuma eram dos negros. Por isso a expressão sem eira nem beira.

E por aí fomos conhecendo cada construção da Bela Paraty. Por isso, recomendo, invista no passeio de charrete – peça desconto – aliás, nesses lugares, nunca aceite o primeiro preço. Só tente pegar um condutor que fale mais devagar pra você não perder nadica das belas histórias que rondam aquela cidade.

Ah! Vale a pena bater um papo com o cara que vende livros numa perua. Vai apertando ele que ele conta coisas legais sobre como ele ganha o pão de cada dia.

Paro por aqui para não ser um SPOILER e estragar a sua próxima viagem! 


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