Desenhos de animais e pessoas serão estudados por pesquisadores da Unesp
Quarta geração no campo, o fazendeiro Alcimar de Andrade conta que desde criança gostava de explorar todos os cantos da fazenda da família em Pedregulho.
Na juventude, se aventurava pelas grutas que existem ali, mas nunca imaginou que pudessem ser tão valiosas.
Durante uma trilha com os irmãos, há cerca de 10 anos, Alcimar percebeu que as marcas cravadas nas rochas, que já estava habituado a ver, não eram apenas fenômenos naturais, mas poderiam seriam inscrições pré-históricas.
A família retirou a gruta da área de visitação. Uma espécie de segrego, como forma de proteção do patrimônio.
Agora, pesquisadores tentam descobrir se os traços simétricos e os pequenos desenhos feitos nas paredes da caverna realmente guardam parte da história dos brasileiros.
“A gente sempre andou por esse local, sempre viu isso, mas achava normal, natural. Algumas pessoas que tiveram aqui, alguns professores, que tem um pouco mais de conhecimento, disseram que isso foi feito com sangue e com o tempo criou-se um fungo”, afirma.
“A gente encontrou uma pedra que parece uma ferramenta. Até se procurar, tem mais desse tipo. Outra pedra, tem o formato de um prato. Tudo estava na gruta, intacto. A gente não sabe o que tem por baixo dessas rochas”, diz.
A área segue isolada e está sendo analisada por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também foram comunicados.
“Costumo dizer para os meus amigos, que a gente vira manchete na região com coisas negativas. Quero que isso vire um patrimônio histórico, que enriqueça nossa literatura, que seja benéfico para as pessoas, buscando o passado para levarmos ao futuro”, afirma Alcimar.
O guia turístico Ernani Baraldi supõe que as inscrições foram feitas por homens pré-colombianos, há cerca de 3 mil anos, e retratam a rotina daquele povo. Por isso, os desenhos são semelhantes a animais e pessoas com os braços levantados.
“A gente tem um achado magnífico. Com toda essa tristeza que a gente está vivenciando com a queima de arquivos no Museu Nacional, encontrar pinturas rupestres é fantástico. Isso é uma coisa que vai ficar para gerações”, diz.