Governador Romeu Zema e Prefeitos vão atuar para resolver caos nas cidades

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de novembro de 2018 às 11:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:09
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Após desastre do governo petista de Pimentel, cidades tentam se reerguer

Julvan Lacerda (C), presidente da AMM, e os demais prefeitos se encontraram com Zema (D) na sede da AMM (foto: JAIR AMARAL/EM/D.A. PRESS)

Cerca de 50 prefeitos mineiros se reuniram com o governador eleito Romeu Zema (Novo) ontem, para tratar de assuntos referentes aos municípios.

O encontro foi realizado na sede da Associação Mineira de Municípios (AMM) e durou cerca de uma hora.

Zema não assumiu compromisso de pagar os repasses em dia para as prefeituras e afirmou que só poderá prometer algo quando “souber o tamanho da bomba” na qual vai sentar”.

Apesar disso, ambos os lados prometeram cooperação para que a situação orçamentária de Minas seja resolvida. Mesmo assim, alguns prefeitos saíram frustrados do encontro.

O clima começou com festa: vários prefeitos cumprimentaram o empresário de Araxá pela vitória. Uma prefeita chegou a tirar selfie com Zema e dizer :“Isso aqui é pra postar no grupo da prefeitura e falar que o pagamento tá chegando!”. 

As primeiras palavras ditas pelo presidente da AMM e prefeito de Moema, Julvan Lacerda (MDB), foram de cumplicidade. “Já começo parabenizando o senhor por esse seu jeito simples de ser”, disse.

“A primeira vez de muitas que virei aqui”, começou Romeu Zema. O governador eleito ressaltou que vai visitar regularmente a associação e que a tônica de sua gestão será o diálogo. 

“Acertei com o Adalclever Lopes (MDB) que a cada 60 dias estarei na Assembleia para que todos se situem no que está acontecendo. Pretendo fazer o mesmo com a AMM”, afirmou.

Zema pediu paciência aos prefeitos e argumentou que ainda não tem conhecimento sobre a real situação orçamentária de Minas Gerais. Ele prometeu trabalhar para retomar o pacto federativo e cortar verbas. “Vamos fazer o maior esforço possível para cortar despesas e vou dar o exemplo.

Já estou olhando um apartamento perto da Cidade Administrativa. Em vez de gastar helicóptero, morando no palácio, vou gastar dois ou três litros por dia de gasolina”, disse. 

Ele também disse que vai enxugar os cargos públicos e que o governo do estado se transformou em um “cabide gigantesco de empregos”. “A maior estatal de Minas é a Cabidemg”, brincou.

Em resposta ao tom evasivo de Romeu Zema, um dos prefeitos presentes ressaltou que a dívida acumulada do estado com os municípios chega a R$ 10 bilhões e que serviços públicos como saúde, educação e assistência social estão sendo prejudicados pela falta de repasses. 

“O estado chegou num ponto de ser uma montaria nos municípios. Não é só deixar de pagar, mas também pegar dinheiro que é do município”, afirmou.
Zema disse novamente que não quer, por hora, assumir nenhum compromisso com os prefeitos. 

“Entendo perfeitamente, o dinheiro é do município. Mas preciso saber da situação do estado”, argumentou. Ele voltou a prometer que, entre o fim de dezembro e o início de janeiro, dará posição aos gestores municipais. “Sempre fui conservador: vamos prever que tudo vai continuar ruim como está, para amanhã eu poder vir aqui e dar uma notícia boa”, disse. 

Pressionado pelos prefeitos, Zema rebateu: “A transição começou semana passada, estamos fazendo ainda o levantamento. Não sei se dentro do baú que vou estar recebendo tem mil, 10 mil ou um milhão ou se só tem uma bomba ali que só vai me ferir”, disse. Ele ainda prometeu que os repasses  serão prioridade em seu governo.

Por fim, Zema disse que, assim que a situação orçamentária de Minas Gerais estiver estabilizada, vai trabalhar para que uma lei credite todos os recursos diretamente aos municípios, sem passar pelos caixas do estado. 

“Mais nenhum governador vai manipular isso como foi manipulado. Isso prometo que vamos fazer.” Os prefeitos ainda pediram um representante da AMM na equipe de transição.

Em entrevista depois do encontro, Zema afirmou que começar mandato descumprindo os repasses aos municípios, que são constitucionais, seria “mal exemplo” e que poderia causar impeachment. “Quero evitar ao máximo começar mandato descumprindo o que é constitucional. Já quero ver com o nosso pessoal da Secretaria da Fazenda se pelo menos os repasses teremos condições de assumir e não atrasar mais a partir de janeiro”, disse.

Depois que Zema deixou a sede da AMM, alguns prefeitos se disseram decepcionados com o encontro com o governador eleito. Muito se falou nos bastidores que o empresário deveria ter sido mais assertivo e ter se comprometido em pagar os repasses aos municípios. Uma prefeita, que não quis se identificar, afirmou que Zema foi “genérico e não firmou nenhum compromisso conosco”. Outro, que disse estar frustrado com as esquivas de Zema, lamentou: “Viajei 500 quilômetros para voltar sem nenhuma resposta ao meu município. Estou muito preocupado”.


+ Política