Fundação Dorina Nowill para Cegos lança campanha de acessibilidade em bares

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  • Publicado em 19 de junho de 2018 às 10:36
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:48
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Iniciativa distribui adesivos “Aqui tem cardápio acessível” e material de apoio com dicas e sugestões

Referência
em cuidados e atendimentos a cegos e pessoas com baixa visão, a
Fundação Dorina Nowill para
Cegos
, por meio de sua divisão Soluções em Acessibilidade,
lança campanha junto a estabelecimentos gastronômicos para ajudá-los a se
tornarem mais acessíveis. A iniciativa começa com clientes que já produziram
versões acessíveis – em braile e fonte ampliada – de seus cardápios na pioneira
Imprensa Braile da instituição, a maior em capacidade produtiva da América
Latina. Trinta e cinco parceiros, entre eles as redes América, Havana, Johnny
Rockets, McDonald’s e Rei do Mate, vêm recebendo gratuitamente quatro adesivos
por cardápio produzido para que sejam afixados em locais de fácil visualização,
sinalizando que o estabelecimento conta com cardápio acessível. A campanha
inclui ainda o “Guia de Atendimento à Pessoa com Deficiência Visual”,
com algumas dicas e sugestões de como receber esse consumidor.

“Essa
é uma forma de identificar e divulgar estabelecimentos que tiveram a iniciativa
de tornar seus ambientes e serviços mais acessíveis, podendo, inclusive, servir
de exemplo para outros estabelecimentos interessados nessa prática de
responsabilidade social”, conta Itamar Junior, diretor da divisão de
Soluções em Acessibilidade da Fundação
Dorina Nowill para Cegos
. Vale lembrar que, de acordo com o
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem 6,5 milhões de
brasileiros com deficiência visual, sendo 6 milhões com baixa visão e 500 mil
cegos. “Entendemos que a decisão de produzir esse material em braile e
fonte ampliada faz toda a diferença no dia a dia de consumidores com
deficiência visual, mas também permite a inclusão de idosos ou pessoas que
sofrem com dislexia, por exemplo”, diz Itamar.

A
Lei da Acessibilidade (Lei 10.098/2000) já determina que estabelecimentos, que
servem comida, disponibilizem cardápios em braile. Conscientes e responsáveis
socialmente, Havana e McDonald’s figuram entre as redes que disponibilizam
cardápios em braile e fonte ampliada – todos, produzidos pela divisão Soluções
em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos. Há quase 20 anos, o
McDonald’s disponibiliza versões acessíveis do seu cardápio. Além de serem
produzidos em braile e fonte ampliada, apresentam uma descrição mais detalhada
de cada produto disponível. Cliente da Fundação
Dorina Nowill para Cegos
desde 2006, a rede conta com um
cardápio em braile em cada um dos 910 restaurantes – incluindo os quiosques e
unidades McCafé – distribuídos por todo país. O McDonald’s é uma empresa
democrática e inclusiva, por isso busca ser sempre acessível para todos os
públicos, sem fazer qualquer distinção.

Preocupada
em atender a todos os clientes da melhor forma possível, a rede Havana mantém,
desde 2015, um cardápio acessível em cada uma das suas mais de 50 lojas no
Brasil. Recentemente, a empresa contratou novamente os serviços da divisão
Soluções em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para Cegos para a produção
de mais 30 menus em braile. De acordo com Diego Schiano, diretor geral da
Havanna Brasil, “esse material é item obrigatório desde a abertura de uma
nova unidade e a cada modificação do menu, que ganha uma versão em braile
exatamente idêntica aos demais cardápios”.

Integrante
da equipe comercial da divisão Soluções em Acessibilidade da Fundação Dorina Nowill para
Cegos
, Ademilson Costa nasceu com 20% da visão. Aos 12 anos,
com o deslocamento da retina, ficou totalmente cego. Reabilitado, ele segue a
vida da forma mais independente possível. Casado com Alessandra, também cega,
os dois se sentem prontos para uma vida mais autônoma, porém, ainda se deparam
com estabelecimentos pouco acessíveis para diferentes deficiências. No caso
específico da deficiência visual, percebem a falta de recursos de acessibilidade
simples, seja na estrutura (por exemplo, piso tátil), em materiais como
cardápio em braile no restaurante e na capacitação da equipe de atendimento ao
cliente. “Sempre que saímos para comer fora, faço questão de solicitar o
cardápio em braile. Ele representa minha independência e autonomia, além de
proporcionar um dos maiores prazeres da minha vida: a leitura. Mesmo que seja
um cardápio, eu gosto de ler. Porém, na maioria dos casos, precisamos recorrer
a algum funcionário pela inexistência do material acessível”, conta
Ademilson.

“Mas
a capacitação dos funcionários também é muito importante”, ressalta.
“Algumas pessoas têm receio em atender um deficiente visual. Isso porque
não estão preparadas e não sabem como exatamente podem nos ajudar, seja na condução
até uma mesa ou mesmo descrevendo quais são as opções disponíveis”, diz
Ademilson. Para ele, um treinamento simples pode fazer toda a diferença,
desmistificando algumas questões. “No final das contas, o que nos motiva a
desistir de um local ou a retornar a um determinado restaurante é a forma como
somos abordados e acolhidos. E mesmo que a pessoa não saiba exatamente como
agir, se ela demonstra disponibilidade para aprender e, assim, nos atender bem
já é um diferencial”, diz Ademilson que, em seus passeios pela cidade ao
lado de Alessandra, já encontrou cardápios acessíveis e equipes atenciosas em
estabelecimentos de diferentes portes – de redes de franquias até a padaria do
bairro. Ainda em uma quantidade muito tímida, mas que representam algumas melhorias
na questão da inclusão.

Buscando
estimular o crescimento deste movimento, Itamar ressalta: “Pensando na
autonomia e no bem-estar deste grupo consumidor, esperamos que nossos atuais e
futuros parceiros envolvam todos os funcionários nesta iniciativa, para que
eles se sintam mais confortáveis no atendimento às pessoas com deficiência
visual e lembrem-se sempre de oferecer o cardápio acessível”. A campanha
por estabelecimentos gastronômicos mais acessíveis espera ir muito além da
região metropolitana de São Paulo. “Atendemos clientes de todo o Brasil e,
a partir de agora, cada cardápio acessível encomendado será entregue junto com
os adesivos da Fundação
Dorina Nowill para Cegos
e ‘Guia de Atendimento à Pessoa com
Deficiência Visual’ da nossa campanha”, afirma. Confira a seguir algumas
dicas simples, mas que podem fazer toda a diferença no atendimento a cegos e
pessoas com baixa visão.

Sobre a Fundação Dorina Nowill para Cegos


mais de 70 anos, A Fundação
Dorina Nowill para Cegos
trabalha para que crianças, jovens e
adultos cegos e com baixa visão sejam incluídos em diferentes cenários sociais.
A instituição oferece serviços gratuitos e especializados de orientação e
mobilidade, clínica de visão subnormal e programas de inclusão educacional e
profissional. Responsável pela maior Imprensa Braile do Brasil e da América
Latina, em capacidade de produção, a Fundação
Dorina Nowill para Cegos
é referência na produção e
distribuição de materiais nos formatos acessíveis braile, áudio, impressão em
fonte ampliada e digital acessível, incluindo o envio gratuito de livros para
milhares de escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil. A instituição
também oferece uma gama de serviços em acessibilidade, como cursos,
capacitações customizadas, sites acessíveis, audiodescrição e consultorias
especializadas. Contando com o apoio fundamental de colaboradores,
conselheiros, parceiros, patrocinadores e voluntários, em 2017, a Fundação Dorina Nowill para
Cegos
foi reconhecida pela revista Época e pelo Instituto Doar
como uma das 100 Melhores ONGs para Doar no Brasil, confirmando a seriedade de
um trabalho que atravessa décadas e busca conferir independência, autonomia e
dignidade às pessoas com deficiência visual. Mais detalhes: www.fundacaodorina.org.br