Frutas: por que até elas devem ser consumidas com moderação?

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de janeiro de 2019 às 18:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:18
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Coloridas e deliciosas, as frutas vão bem a qualquer hora, mas não se engane: é preciso equilíbrio no consumo

Tem criança que
resiste fortemente, e as mães vão à loucura. Outras, simplesmente adoram e
trocam qualquer doce por uma melancia suculenta. Mas saiba que, nem por isso, você
deve deixar seu filho comer à vontade. “A criança, por volta de dois anos,
já consegue mostrar suas preferências, deixa claro o que gosta mais de comer,
mas ainda assim é importante lembrar os pais que seus hábitos ainda não estão
completamente formados. Por isso, a partir do momento em que começa a
alimentação sólida é importante apresentar frutas e vegetais ao mesmo
tempo”, explica a nutricionista Pamela Vitória Salerno, especialista em
atendimento materno infantil, mestre em Nutrição e Alimentos.

A nutricionista explica que naturalmente, nos adaptamos mais aos alimentos
doces, então quanto mais tarde apresentarmos os vegetais, as frutas ou
alimentos ácidos, mais chances de a criança rejeitá-los.

Além disso, apesar das
frutas serem ricas em fibras, proteínas, vitaminas e sais minerais, elas não
possuem tudo o que a criança precisa para se desenvolver de forma saudável.
“Substituir as refeições por frutas pode levar a um desequilíbrio
nutricional, pois, de maneira geral, elas são ricas em vitaminas mas não são
fontes de proteínas e gorduras. Como todos os grupos de alimentos são
importantes, a criança pode ficar subnutrida”, afirma Pamela. “A
livre demanda só serve para a amamentação”, completa.

Portanto, mesmo que a
criança mostre preferência por frutas, a oferta de alimentos de todos os
grupos, tais como cereais, leguminosas, proteínas e vegetais, são fundamentais.
“Quanto a quantidade, se o seu filho come de forma balanceada, o consumo de
4 a 5 frutas ao dia não fará mal algum, desde que ele não substitua pelas
refeições ou rejeite outros alimentos para ingerir apenas fruta”, diz. Uma
boa dica é estabelecer horários pra as refeições. “Isso ajuda a criança a
associar que não é o momento da fruta”, completa.

Quanto aos tipos de
frutas, o ideal é variar. “É bom não oferecer sempre as mesmas, deve haver
variedade de cores, sabores e texturas. Quanto mais variado, melhor será a
aceitação, não só de frutas, como de outros alimentos”, explica.

E quando a criança tem
resistência?

O ideal é sempre
oferecer a fruta fresquinha, deixando a criança pegar e cheirar o alimento. Mas
não se preocupe se o seu filho mostrar certa resistência, a dica é continuar
ofertando.

Mesmo nesses casos,
adoçar as frutas para facilitar a aceitação, segundo a nutricionista, é
totalmente desaconselhável. “Mesmo aquelas que precisam ganhar peso,
induzir ao consumo excessivo de açúcares não é o melhor recurso, principalmente
por alterar o real sabor da fruta. Além disso, a criança vai desenvolver a
necessidade de adoçar tudo aquilo que não esteja com sabor altamente
adocicado”, diz. Mas isso também serve para frutas mais ácidas, como
abacaxi, maracujá e morango? “Sim”, responde ela.

Segundo Pamela, a
salada de frutas pode ser uma boa maneira de fazer com que seu filho consuma
frutas variadas. É também uma boa oportunidade de inclui-lo na atividade de
preparação, ensinando a misturar os pedacinhos e aproveitando para apresentá-lo
o nome de cada uma delas. Mas lembre-se, nada de adicionar açúcar, sucos
pré-prontos ou refrigerantes à mistura. O suco da laranja ou iogurte natural
são boas opções mais saudáveis.

Outro ponto de atenção
vai para o suco de frutas. Ele não deve substituir o consumo de água e não é o
mesmo que comer uma fruta fresquinha. “O açúcar da fruta está contido nas
células vegetais e é absorvido lentamente. Ao transformar a fruta em suco,
quebramos essas células e deixamos o açúcar livre. A glicose cai na corrente sanguínea,
ocorre o aumento da produção de insulina, a glicose volta a baixar rapidamente,
sentimos fome, comemos de novo”, alerta o pediatra Carlos González.

Além disso, segundo ele, “o excesso de
frutose e sorbitol (presentes naturalmente na fruta) pode causar diarreia
crônica”. Portanto, a regra é “fruta para comer, água para beber”,
finaliza o pediatra.