Franca tem queda de 14,1% em exportações de calçados e quebra é de US$ 46,4 mi

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de outubro de 2018 às 07:39
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:03
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Para Franca, impacto da redução tarifária dos Estados Unidos ainda não é conhecida

Dados do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), que reúne uma mescla de empresas do interior paulista voltadas para a produção sapatos femininos e masculinos, indicam que o setor anda preocupado com o balanço das exportações brasileiras do setor no acumulado de janeiro a agosto, que registrou recuo de 10,2% somando US$ 628,3 milhões.

Só no polo de Franca, essa queda foi ainda mais expressiva (-14,1%), com um total de US$ 46,4 milhões. 

Apesar dessa queda média, os empresários francanos venderam 37,2% mais para a Argentina de janeiro a agosto deste ano, embora estes dados anda não levem em consideração a queda acentuada em virtude da grave crise fiscal e financeira na Argentina, que após estes dados serem divulgados passou pela renúncia de seu presidente do Banco Central e da corrida do presidente argentino Maurício Magri, ao FMI – Fundo Monetário Internacional, o que significa que, para o calçado brasileiro na Argentina, o panorama não é favorável no momento e é incerto para o futuro. 

Por meio de sua assessoria, o presidente do Sindifranca,José Carlos Brigagão do Couto (na foro com o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, disse que ainda não avaliou o impacto da redução tarifária dos Estados Unidos, porque, inicialmente, acreditava-se que a China poderia ficar de fora do benefício.

DISPENSA EM MASSA EM FRANCA

Apenas no mês de agosto as fábricas de calçados de Franca dispensaram 1.470 sapateiros, aguçando a crise com o desemprego que ronda a cidade desde julho.

Somente em agosto, o saldo negativo no emprego na cidade de Franca chegou a 739 empregos cortados na relação entre admissões (731) e demissões (1.470).

O número de vagas no setor de calçados, como se constata nos dados do Caged – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – do Ministério do Trabalho caiu assustadoramente na década (de mais de 25 mil) para apenas 16.889 em janeiro deste ano.

A crise na indústria calçadista se estende à micro região formada por 10 municípios que junto de Franca demitiram 1.500 demissões somente em agosto, portanto com saldo negativo de 764 empregos apenas em agosto

2600 DISPENSAS EM 12 MESES

Os sintomas de crise na indústria de calçados de Franca não são recentes, apesar de que se vê pouca mobilização das lideranças empresariais e políticas da cidade contra a eliminação definitiva de empregos no setor.

De agosto a agosto, entre 2017 e 2018, a cidade fechou 2.657 vagas de trabalho na indústria calçadista (13.566 empregados, mas com a dispensa de 16.223 sapateiros no mesmo período).

O fato mais preocupante é que, a queda brusca (em 2016 a cidade foi tida como um “oásis” de emprego no País, como a cidade que mais empregou e com saldo positivo de mais de 5 mil postos de trabalho criadas), ainda não foi suficiente para acender o sinal de alerta nas autoridades que continuam no imobilismo de sempre, mesmo que até pouco tempo o prefeito de Franca, Gilson de Souza, de auto proclamasse o “Deputado do Sapato”.

Enquanto isso, o veterano Roberto Engler, com quase 30 anos de mandato, hoje lutando para sobreviver às eleições após uma inexplicável mudança do PSDB para o PSB, tem pouca coisa em seu currículo em defesa do setor, destacando-se mais por ajudar outras cidades em detrimento de Franca.

A sobrevivência da indústria calçadista deveria estar na pauta de entidades como o Sindifranca – Sindicato da Indústria – da Prefeitura e da Câmara de Vereadores, mas as poucas ou nenhuma ação destes segmentos para ao menos tentar estancar esta sangria são pífias ou nulas. 


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