Fora de moda?

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 8 de agosto de 2018 às 18:04
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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O inverno está aos poucos se despedindo de nós, para deixar chegar a perfumada e linda primavera. As estações chegam e se vão trazendo e levando tendências para todos os lados: vestuário, perfumes, decoração, comidas, etc. Um dos grandes problemas dos lojistas, principalmente de vestuário e acessórios, é o que sobra das coleções passadas e as eternas promoções com elas. Mas caso você não saiba, tem muitas marcas que não permitem que seus produtos entrem em promoção, e ai o que é feito com o que sobra das coleções?

Pois no ano passado a empresa de luxo britânica Burberry divulgou que destruiu todo o estoque de produtos que não conseguiu vender, e não de uma maneira qualquer, foi tudo queimado. Roupas, acessórios em geral e perfumes foram destruídos sob justificativa de proteger a marca. Assim eles alegaram em um relatório divulgado agora em Julho, dizendo que o objetivo da empresa era impedir que seus desenhos e modelos fossem roubados ou vendidos no mercado negro por um preço menor do que o que valem realmente. Segundo os dados divulgados, todos esses itens foram avaliados em 28,6 milhões de libras (cerca de 142 milhões de reais).

Segundo a empresa os ambientalistas não precisam se preocupar, pois o tipo de processo de queima que eles usam no polui, na verdade a energia gerada é armazenada. Alegaram também (para a nossa tristeza), que no ano passado o volume de produtos destruídos foi muito maior que o usual, pois eles tiveram que ‘se livrar’ de muitos perfumes após assinarem um novo contrato com a marca americana Coty. Por esta razão, a empresa britânica foi ‘forçada’ a eliminar criações, principalmente fragrâncias, que tinham um valor total de 10 milhões de libras.

Eles enfatizam que nos últimos anos, a marca tem aumentado seus esforços para se posicionar como um dos principais logotipos do mercado de luxo mundial, tentando recuperar a exclusividade que a caracteriza. E isso implica evitar, sob quaisquer circunstâncias, cópias, imitações e qualquer desvalorização da marca, mesmo que isso custe trabalhar com estoques limitados de produtos.

Ao mesmo tempo que vemos esse tipo de prática no mundo, em que a exclusividade é a palavra chave para empresa, estava assistindo outro dia um programa super interessante sobre upcycling, já ouviu falar sobre isso? É o processo de criar algo novo e melhor a partir de itens antigos ou descartados. É diferente da reciclagem, pois utiliza materiais existentes para a criação de algo melhor que o original. Não é um processo simples, pois requer muitas criatividade, mais investimento, muito amor e principalmente uma consciência ambiental. Um exemplo prático é usar uma camiseta antiga como um pano de chão, isso é considerado reciclagem ou reutilização de material, já no upcycling você recria a camiseta com algum retalho ou então com uma camiseta da coleção passada. Não deixa de ser uma reutilização, mas leva outro nome! Uma marca no Brasil que já pratica esse tipo de consciência é a Farm, eles recolhem a coleção passada das lojas e fazem o upcycling dela. Dentre tantas outras no Brasil e internacionalmente que você pode facilmente procurar pela internet ou até mesmo praticar você mesmo essa atitude.

Um verdadeiro paradigma, valores diferentes, mas ao menos pensando no futuro ambiental. Difícil pensar no que concordar ou discordar, o importante é respeitar a posição de cada marca e tentar usar aquilo que se pareça mais com a nossa forma de enxergar o mundo.

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.​


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