Fiocruz fabricará remédios contra HIV e hepatite C para distribuir ao SUS

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de abril de 2018 às 21:00
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:41
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A expectativa é que, já no segundo semestre, a produção nacional de alguns remédios seja distribuída pelo SUS

O Instituto de Tecnologia em Fármacos
(Farmanguinhos), vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), firmou parcerias
para produzir medicamentos contra a hepatite C e o HIV. A fabricação nacional
desses produtos, considerados estratégicos para o Sistema Único de Saúde
(SUS), deverá ainda gerar economia para os cofres públicos, uma vez que
atualmente o país precisa adquiri-los no exterior.
Segundo o diretor de Farmanguinhos, Jorge Mendonça, essas parcerias fazem parte
de uma política que busca fortalecer a produção nacional e absorver tecnologia
para dentro do país.

Para Mendonça, a iniciativa permitirá
também aumentar o acesso da população ao tratamento e à prevenção de doenças. “O alto custo dos medicamentos pode levar a um
problema de abastecimento, e a importância de um laboratório público é
justamente esta: fornecer sustentabilidade para o SUS, reduzindo o preço e
mantendo a qualidade dos produtos. Estamos propondo uma economia média, em cada
medicamento, de algo em torno de 40% a 60% do valor atual. Ou seja, o governo
gastaria aproximadamente 50% menos do que hoje com esses produtos”,
calculou.

Três dos medicamentos que serão
desenvolvidos são antivirais voltados para o combate à hepatite C: Simeprevir,
Daclastavir e Sofosbuvir. Este último vem contribuindo para a cura de muitos
pacientes e reduzindo a demanda pelo transplante de fígado. “O Sofosbuvir
é um medicamento que vem revolucionando o tratamento da hepatite C e
substituindo alguns produtos antigos”, disse Mendonça.

Farmanguinhos também produzirá o
imunossupressor Everolimo, usado para evitar a rejeição de órgãos
transplantados e considerado essencial em diversos casos. Em novembro do ano
passado, um levantamento da Associação Brasileira de Transplantados mostrou
que, em sete estados, havia falta de um dos três remédios mais usados após
transplantes, entre eles o Everolimo.

PrEP


O quinto medicamento que será produzido em Farmanguinhos é a pílula
antirretroviral baseada nas substâncias Emtricitabina e Tenofovir. Difundido no
mercado sob a marca Truvada, da empresa norte-americana Gilead, o remédio é
usado na profilaxia pré-exposição (PrEP) ao HIV. O Brasil foi pioneiro na
América Latina ao adotá-lo como política de saúde, com sua distribuição para
grupos específicos considerados chave para o combate à Aids a cargo do SUS.
Nesses grupos, estão homens que fazem sexo com homens, gays, pessoas
trans, profissionais do sexo e casais em que um membro é soropositivo e o
outro, não.

A prescrição e o uso das pílulas, que
deve ocorrer diariamente, depende de acompanhamento médico. Especialistas
alertam que o método deve ser usado em combinação com outras medidas e que os
usuários da PrEP não devem abrir mão do uso de preservativos.

Acordos

As parcerias envolvem tanto empresas da
indústria farmacêutica como da indústria farmoquímica, que serão responsáveis
pela fabricação e nacionalização do princípio ativo dos medicamentos. Os
acordos têm duração de cinco anos e, nos quatro primeiros, a produção fica a
cargo dos laboratórios dos parceiros. Em 2022, metade da demanda passa para as
instalações de Farmanguinhos, que assumirá a produção integral ao fim dos
acordos. As empresas envolvidas são Blanver, CYG, Microbiológica e Libbs.

A expectativa é que, já no segundo
semestre deste ano, a produção nacional do Sofosbuvir, do Everolimo e da pílula
da PrEP seja distribuída pelo SUS. O Simeprevir e Daclastavir devem estar
disponíveis no ano que vem.


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