Fim do Google +: aplicativo é encerrado por baixo número de usuários

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de outubro de 2018 às 19:31
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:05
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Usuários terão 10 meses para salvar e migrar conteúdos antes do encerramento definitivo

O Google anunciou o encerramento de sua rede social Google+, após informar que os dados de mais de 500 mil usuários podem ter sido expostos a desenvolvedores de apps. O problema ocorreu devido a um erro na API do
Google+ People, que já existia há dois anos e foi descoberto em março. As
pessoas têm um período de dez meses para salvar e migrar os conteúdos, até que
o serviço seja encerrado de vez para os consumidores em agosto de 2019.

A
plataforma, entretanto, não será completamente descontinuada. A empresa
investirá em clientes corporativos, por acreditar ser mais adequada para esse
perfil.

O Google+ foi lançado em junho
de 2011 sob muita expectativa. Inicialmente, só era possível abrir uma conta
caso fosse convidado por um amigo. Em somente quatro semanas, a plataforma já
contava com 25 milhões de usuários. Em setembro, a empresa liberou o acesso
para qualquer pessoa com mais de 18 anos.

Seus
recursos incluíam o Círculos, que permitia organizar os contatos em grupos;
Comunidades, uma herança do extinto Orkut; e a
ferramenta de bate-papo Hangouts. A rede social, disponível em versão online e
em apps para Android e iPhone (iOS),
permitia ainda a transmissão de vídeos por meio do YouTube,
editar e compartilhar fotos e filmes pessoais, determinar o tipo de conteúdo
que mais interessa no feed, entre outras funções. 

1. Competição com o Facebook

Especialistas, como o colunista da Forbes, Steve Denning,
acreditam que a estratégia assumida pelo Google pode ter sido um dos motivos
para o fracasso do G+. A plataforma foi anunciada em 2011 como uma espécie de
rival do Facebook,
rede social que na época já tinha mais de 250 milhões de usuários ativos e
satisfeitos com os serviços oferecidos. Os diferenciais não eram o suficiente
para fazer com que as pessoas trocassem um pelo outro. “Tentar derrubar o
Facebook ao oferecer algo similar ao Facebook é como a Microsoft derrubar o
iPod com o Zune. Não tem como”, argumentou Denning.

Funcionários
e ex-funcionários anônimos do Google já afirmaram que o Google Plus surgiu por
medo da empresa de Mark de Zuckerberg. O arquiteto chefe de redes sociais da
época, Vic Gundotra, teria assustado o CEO, Larry Page. “Vic era uma
‘mosquinha’ constante no ouvido de Larry: ‘O Facebook vai nos matar. O Facebook
vai nos matar'”, disse um ex-executivo do Google ao site norte-americano
Mashable. O medo tinha fundo no fato de a companhia não ter conseguido, até
então, emplacar no universo das mídias sociais, colecionando fracassos como o
Orkut, o leitor de RSS Reader, a plataforma de comunicação Wave e a rede social
Buzz.

2. Não conquistou os usuários e
desenvolvedores terceiros

De acordo com o comunicado emitido por Ben Smith,
vice-presidente de engenharia do Google, uma das razões para o descontinuamento
do serviço é a baixa adesão por parte de usuários e desenvolvedores terceiros.
A interação com os apps também teria sido abaixo do esperado, apesar dos
esforços da companhia em aprimorá-los. “Atualmente, a versão do consumidor do
Google+ tem baixo uso e engajamento: 90% das sessões dos usuários do Google+
tem menos de cinco segundos”, informou.

Steve
Denning acredita que um dos principais motivos para isso está no fato de a
companhia não ouvir seus consumidores. Reforçam essa ideia os depoimentos de
ex-funcionários da empresa ao site Business Inside. Eles afirmaram que a
plataforma teria sido criada pensando em resolver problemas da própria
companhia e não para fazer um produto que tornasse mais fácil aos usuários se
conectarem uns com os outros.

3. Não funcionava como uma
ferramenta social

De acordo com o Business Inside, os ex-funcionários da
companhia afirmaram que a plataforma não tinha um apelo social fácil e genuíno
como o Facebook e o LinkedIn, por exemplo. As pessoas tinham que pensar
em quem gostariam de incluir em seus Círculos em vez de simplesmente adicionar
os contatos, como em outros serviços do tipo.

Em
2015, a própria empresa assumiu o “erro”, quando mudou o posicionamento e
passou a denominar o serviço como uma espécie uma vertente social que
transitava por meio de todos os serviços do Google. Além disso, o Google Plus
foi transformado em dois produtos distintos: o Google Fotos e o Stream. “O Google+ agora pode se concentrar em
fazer o que já está fazendo muito bem: ajudar milhões de usuários ao redor do
mundo a se conectarem com o interesse que eles amam. Aspectos do produto que
não cumprem esta agenda foram ou serão retirados”, disse à época Bradley
Horowitz, líder da plataforma e vice-presidente do Google.

4. Design e nomenclatura pouco
amigáveis

O Google+ surgiu com o objetivo de tomar o lugar do Facebook,
oferecendo funcionalidades bastante semelhantes às do rival. Os novos usuários,
já bastante habituados com a rede de Zuckerberg, entravam na plataforma do
Google e se perdiam por não encontrar os recursos onde ou como estavam
acostumados. Assim, é possível que as pessoas tenham optado por continuar
usando o serviço que já conheciam e tinham os seus amigos reunidos: o Facebook.

Para complicar, as ferramentas
tinham nomes pouco intuitivos, que dificultavam a sua compreensão. Afinal, o
que “Círculos”, “Sparkles” ou “Hangouts” significam? Era preciso estar disposto
a explorar mais a fundo ou ler acerca para entender e, no mundo corrido de hoje
em dia, nem todos estão. 

5. Nem mesmo os funcionários do Google acreditavam no produto

Um ex-funcionário afirmou ao Business Inside que o G+ era um
produto controverso dentro da companhia. Primeiramente porque, em 2011, Larry
Page, o CEO da empresa, enviou uma nota a todos os funcionário afirmando que o
bônus recebido pelos empregados seria influenciado pelo sucesso ou fracasso das
ferramentas sociais da empresa. O empresário pedia esforços por parte até mesmo
daqueles que não estivessem envolvidos diretamente com a área, testando os
produtos, dando feedback e incentivando amigos e familiares a utilizarem.

Quando a ferramenta foi lançada, o Google substituiu o então sistema de videoconferências usado pelo Google Plus, impondo a rede sem consultar os colaboradores. A realidade é que, segundo o site Social Media Revolver, as pessoas não “compravam” a plataforma. Um funcionário afirmou que seria “Uma espécie de Facebook com um pouco de Twitter”, enquanto um executivo via apenas como outra plataforma social, sem nada de excepciona


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