Extrato da casca de jabuticaba ajuda no combate ao pré-diabetes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de novembro de 2018 às 19:59
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:09
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Pesquisadores da Unicamp constataram eficácia no combate ao problema e à gordura do fígado

Um grupo de pesquisadores do
Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp), com
apoio da  Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
constatou que o extrato da casca da jabuticaba,  uma fruta nativa da Mata
Atlântica, foi capaz de combater o pré-diabetes e o aumento do acúmulo de
gordura no fígado em camundongos envelhecidos.

Esses animais foram escolhidos porque
o envelhecimento está diretamente associado à redução da capacidade metabólica
e alterações do metabolismo hepático, glicídico e lipídico.

Durante o envelhecimento há uma
deficiência de controle do nível de glicose no sangue, um aumento da deposição
de triglicerídeos no fígado e desequilíbrio hormonal.

Além disso, é comum os idosos
apresentarem dislipidemia (aumento de gordura no sangue), hiperinsulinemia
(aumento de insulina no sangue), diabetes e doenças cardiovasculares.

Para elevar os danos do
envelhecimento, os camundongos foram alimentados com ração rica em gordura para
promover ganho de peso, aumentar a gordura no fígado, estimular o aumento de
gordura no sangue e aumentar os níveis de glicose.

A dieta possuía cinco vezes mais
gordura do que uma dieta normal. “Observamos que a ingestão do extrato
da casca da jabuticaba por camundongos envelhecidos, submetidos a uma dieta com
alto teor de gordura, também causou a diminuição no ganho de peso, do aumento
de gordura no sangue e do excesso de glicose no sangue e melhorou o HDL
[colesterol bom] dos animais, entre outros benefícios”, disse a 
coordenadora do projeto, Valéria Helena Alves Cagnon Quitete, professora do
IB-Unicamp.

Os estudos analisaram ainda qual a
quantidade adequada para consumo, já que a dieta oferecida aos camundongos
possuía cinco vezes mais lipídeos do que uma dieta normal.

Outras pesquisas já indicavam que, se
os animais consumissem essa dieta por 60 dias, seria suficiente para
desenvolverem pré-diabetes e alterações hepáticas.

As análises mostraram que a dieta
impediu o ganho de peso e o processo inflamatório e favoreceu uma melhoria na
morfologia do fígado.

Agora, os pesquisadores estudam o uso
do extrato da casa de jabuticaba no atraso da progressão do câncer de próstata
em camundongos transgênicos. Os resultados preliminares mostraram diminuição
das lesões.

“Percebemos uma melhora substancial
na morfologia da próstata dos camundongos, além da diminuição do estresse
oxidativo e da inflamação. A diminuição da inflamação e o equilíbrio do
estresse oxidativo levou a uma melhora tecidual e molecular da próstata dos
animais”, afirmou Quitete.

Extrato
da casca da jabuticaba

O extrato da casca da jabuticaba foi
desenvolvido em uma parceria entre pesquisadores do IB e da Faculdade de
Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.

Por meio da parceria, os
pesquisadores conseguiram produzir um extrato da casca da fruta que pode ser
administrado de forma controlada e com grande concentração de compostos
bioativos (substâncias que ocorrem naturalmente em alimentos e que interferem
positivamente no metabolismo, mas que não são nutricionalmente
necessárias). 

As
análises químicas do extrato de casca de jabuticaba demostraram que o composto
possui um alto teor de compostos fenólicos, como as antocianinas, presentes
também no vinho tinto, com efeitos positivos no metabolismo orgânico. O extrato
resultou no depósito de uma patente, que está em processo de licenciamento por
uma empresa brasileira.


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