Exercícios de força para as pernas trazem benefícios ao seu cérebro

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de junho de 2018 às 12:43
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:46
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Trabalhar regularmente as pernas é essencial para produção de células neuronais saudáveis

Se você precisava de
algum incentivo para subir as escadas com mais frequência, sair para correr ou
mesmo se arriscar em uma sequência de agachamentos, aqui está.

De acordo com o estudo “Redução
do Movimento nas Doenças Neurológicas: Efeitos nas Características das
Células-Tronco Neurais”
, publicado na revista acadêmica
Frontiers in Neuroscience, trabalhar regularmente as pernas, especialmente
quando você faz uso de estímulos de força com ajuda de cargas e pesos, é
essencial para a produção de células neuronais saudáveis. “Não é por acaso
que somos programados a ser ativos: caminhar, correr, agachar para sentar e
usar os músculos das pernas para erguer as coisas fazem parte do nosso
cotidiano. A saúde neurológica não é uma via de mão única com o cérebro dizendo
que os músculos levantam, andam e assim por diante. Eles precisam ser
exercitados”, explica a médica e pesquisadora Raffaella Adami, da
Università degli Studi di Milano, na Itália.

Os pesquisadores realizaram um
experimento de 28 dias em que permitiram que um grupo de camundongos usasse
apenas as suas patas dianteiras em atividades do seu dia a dia. Os ratos
tiveram um comportamento normal, sem quaisquer sinais de estresse exibido.

Após os 28 dias, os pesquisadores
foram estudar os cérebros dos animais, particularmente a zona sub-ventricular,
onde os neurônios são produzidos por células-tronco neurais.

Quando comparado a um grupo controle
de camundongos irrestritos e autorizados a utilizar todas as suas patas, o
número de células-tronco neurais diminuiu em 70% nos camundongos que
tinham o uso das patas traseiras restrito.

Os pesquisadores também observaram que
tanto os neurônios quanto os oligodendrócitos (células neurais especializadas)
eram incapazes de amadurecer completamente quando a atividade física era
reduzida. “Nosso estudo parte da ideia de que as pessoas que não são
capazes de fazer exercícios de peso – como os pacientes que estão acamados –
não perdem apenas a massa muscular, mas a química do seu corpo é alterada em
nível celular, e até mesmo o seu sistema nervoso é prejudicado “, explicou
Adami.

Estudando as células individuais, os
pesquisadores também notaram alterações no metabolismo dos ratos devido à
redução de oxigênio pela falta de exercício. Além disso, a capacidade reduzida
de movimento impactou a saúde da mitocôndria, responsável por liberar energia
para o corpo.

Doenças neurológicas, como a atrofia
muscular espinhal (AME), têm sido uma área de interesse para o grupo de
pesquisadores. Para ao médico Daniele Bottai, co-autor da pesquisa, os músculos
do cérebro e das pernas têm uma relação direta. A saúde neurológica depende de
sinais enviados pelos músculos das pernas, tanto quanto a saúde muscular
depende dos sinais do cérebro.

Para os pesquisadores,
os resultados do estudo podem ajudar os profissionais a entender melhor por que
os pacientes com doença dos neurônios motores, esclerose múltipla e outras
doenças neurológicas tem o quadro piorado quando o movimento das pernas se
torna limitado.


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