Gatos acima do peso ficam mais vulneráveis a uma série de doenças, como diabetes e lipidose hepática
Eles são fofinhos, amam uma tigela de ração e a soneca é a atividade preferida. Os gatos acima do peso esbanjam simpatia e é difícil não querer apertá-los. Mas é preciso ficar em alerta, pois essas bolinhas de pelo provavelmente estão com excesso de gordura, o que é muito prejudicial à saúde.
Os gatos acima do peso ficam mais vulneráveis a uma série de doenças, alerta a veterinária Giovana Mazzotti, membro da Academia Brasileira de Clínicos de Felinos (ABFeL). Eles podem adquirir diabete, acúmulo de gordura no fígado, lipidose hepática e problemas articulares. E, com isso, viver menos.
Logo, o ideal é tratar do peso do gatinho desde cedo. “Muitas vezes, o dono do animal não percebe que ele está gordo, até que vire uma bolinha. Tendem a achar os bichinhos fofos e bonitinhos, e chegam aqui quando eles já estão obesos”, diz a veterinária.
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A estudante Aila Dantas, 33 anos, adotou Myla ainda filhote, há cinco anos. Sem muitas informações sobre felinos, deixou a alimentação livre, conta. “Castramos quando ela tinha três meses e continuei com a comida liberada. Ela estava comendo 3kg de ração por semana e começou a engordar muito.”
Para a veterinária nutróloga Andressa dos Reis, a alimentação e a castração estão entre as principais causas da obesidade nos felinos. “As pessoas não têm instrução de como oferecer comida aos bichinhos, a quantidade, o tipo de alimento escolhido para cada caso”, afirma.
As fêmeas tendem a ficar mais gordinhas. “A castração é um fator, entre outros, como doenças endócrinas e sedentarismo”, explica Andressa. E, segundo ela, não há uma dieta padrão para os gatos. Cada animal deve ser avaliado individualmente, observando o estilo de vida, a idade e o ambiente onde mora.
Hoje, Aila fica mais atenta às porções de comida oferecidas para Myla, que ainda tem dificuldade para perder os quilinhos extras. Outro problema dela é a falta de exercício. “Tenho mais três gatos. Eles correm, brincam, pulam, mas ela é muito preguiçosa, na dela. É raro ficar brincando com os outros, o negócio dela sempre foi comer e dormir.”
Ração especial
Dormir e comer também é só o que quer Lilica, a gata da professora Fernanda Damasceno, 36. A felina já tem 11 anos e, se sobram quilos na balança, falta disposição para se exercitar. Mas nem sempre foi assim. Antes, quando morava em uma casa, a gata costumava sair bastante para passear. Fernanda, então, decidiu castrá-la.
“Ela ficou mais sossegada e mais caseira. Na época, nem passou pela minha cabeça mudar a alimentação, mas ela foi ganhando peso e chegou aos 8kg”, relata. Conscientes de que a obesidade poderia prejudicar a saúde de Lilica, os familiares de Fernanda começaram uma força-tarefa para fazer a gata se exercitar. Géis emagrecedores, caminhadas, mudança na alimentação, nada fez a gatinha perder peso.
“Ela começou a ter alguns problemas na pele por causa do excesso de peso. Como ficava muito tempo deitada na grama úmida, teve também algumas infeções e chegou a perder o pelo da barriga”, conta Fernanda. Lilica passou a comer uma ração especial para gatos obesos e vem controlando os problemas na pele, mas, com a idade e os quilos a mais, não tem disposição para brincar como antes.
A falta de exercício se agravou quando Fernanda veio do Rio de Janeiro para Brasília e foi morar em um apartamento. Se a gata não fazia exercício com o espaço que a residência oferecia, em um apartamento as atividades ficaram mais difíceis ainda.
A veterinária Giovana Mazzotti explica que os gatos não são preguiçosos, mas se tornam assim. Segundo a especialista, os felinos precisam e gostam, por natureza, de estar em ação, mas, depois de serem domesticados, sem a necessidade de ir em busca de alimento, começam a ficar relaxados.
As especialistas lembram que é preciso motivar os bichinhos a se exercitarem. “Comece pegando a comida e colocando do seu lado para ele vir buscar. Depois de um tempo, comece a jogar a comida pela casa para ele ir atrás”, orienta Giovana. Andressa complementa: “Procure um local mais alto para ele precisar subir e descer toda vez que for comer, já vai ser uma forma de exercício”.
Mas nem todos os gatos recebem bem esses estímulos e cada caso deve ser analisado de forma particular. Daí a importância de buscar o acompanhamento de um profissional. Um veterinário também poderá ajudar o tutor a conhecer melhor o animal e a definir a alimentação e a quantidade mais adequadas para o felino.
Andressa ainda explica que é preciso saber o Escore de Condição Corpórea ( ECC) do gato, pois não existe um peso ideal para os felinos. Os quilos variam de acordo com a idade, a raça e a idade. A escala vai de 1 a 9 — o animal avaliado com ECC 1 está muito magro e, com ECC 9, muito gordo. O ideal é de 4 a 5. Com esse número e o acompanhamento de um profissional, vai ficar mais fácil cuidar da alimentação dos bichinhos.
De olho no felino
Confira as dicas e observe se o seu gato está obeso.
Magro
Costelas visíveis, nenhuma gordura, abdôme fundo, ossos da coluna e quadril palpáveis.
Costelas facilmente palpáveis, pouca gordura, cintura exagerada, ossos das costelas e do quadril palpáveis, pouca gordura abdominal.
Ideal
Cintura visível, costelas palpáveis, mas com pouca gordura sobre elas, gordura abdominal discreta.
Gordo
Ausência de cintura (a região fica abaulada), costelas não palpáveis, gordura abdominal exagerada.