Etecs e Fatecs do Estado incentivam participação de mulheres na ciência

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de fevereiro de 2019 às 01:01
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:22
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

A igualdade de gênero ainda é um desafio a ser alcançado em setores como ciência, tecnologia e engenharia

A igualdade de
gênero ainda é um desafio a ser alcançado em setores como ciência, tecnologia,
engenharia e matemática, tanto em cursos superiores como no mercado de
trabalho.

Para chamar a atenção sobre a participação de
mulheres nessas áreas e celebrar conquistas de cientistas do mundo todo, a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e
a ONU Mulheres criaram o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência,
comemorado no último dia 11 de fevereiro.

As Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e Faculdades
de Tecnologia (Fatecs) do Estado então repletas de exemplos de mulheres
apaixonadas por ciência e tecnologia.

Uma das histórias
mais notáveis é de Joana D’Arc Félix, professora da Etec Professor Carmelino
Corrêa Junior, de Franca, que nasceu em uma família humilde, superou
preconceitos fez pós-doutorado em Química na universidade de Harvard,
conquistando mais de 80 prêmios ao longo de sua carreira.

A história da educadora serviu de exemplo para que
Havilla Matos, de 23 anos, se apaixonasse por ciência. “Estudei em um colégio
onde sofri muito preconceito por parte dos colegas. Foi então que conheci a
história da professora Joana, encontrei minha vocação e decidi seguir o mesmo
caminho. Hoje eu sei que nasci pra isso”, conta a jovem, que está no terceiro
módulo do curso técnico de Meio Ambiente da Etec de Franca.

A estudante desenvolve uma pesquisa voltada para a
filtragem de água por meio de escamas de peixes. “Identificamos alguns dos
compostos químicos resultantes da produção de couro na cidade que podem poluir
a água. Com o sistema proposto, produzimos água potável de maneira mais
acessível, com o preço reduzido”, explica a aluna.

O trabalho já foi
apresentado em diversas feiras e congressos, além de ter sido selecionado para
uma feira em Guadalajara, no México, que ocorrerá em julho.

Meninas
na computação

A constatação de que ainda há poucas mulheres nas
áreas de informática e computação foi o que levou a professora Grace Borges a
criar o FaTech Girls na Fatec São Paulo, localizada no bairro do Bom Retiro, na
Capital.

Elen de Souza, aluna
de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, foi uma das fundadoras do grupo, que
tem como objetivo unir as mulheres do curso e apresentar o universo da
programação para alunas dos Ensinos Médio e Fundamental.

A equipe visita escolas públicas da Capital para
apresentar o que é possível aprender e desenvolver em carreiras ligadas à
Tecnologia da Informação, com palestras e oficinas de JavaScript, AppInventor,
entre outras ferramentas. “Ainda temos poucas mulheres no curso, então o grupo
foi essencial não apenas para nos unir, mas para chamar a atenção de outras
pessoas da faculdade para a questão e despertar o interesse do público feminino
pela área”, afirma Elen, que trabalha em uma consultoria e pretende seguir
carreira como programadora IOS.

Acessibilidade
e tecnologia

A ex-aluna Julia Guida, que cursou Análise e
Desenvolvimento de Sistemas na Fatec Cruzeiro, a 200 quilômetros da Capital,
encontrou na própria história a inspiração para seguir carreira no setor
tecnológico.

Tetraplégica e
portadora de deficiência auditiva, Júlia utilizava o computador com o auxílio
de um aparelho que identificava o movimento dos olhos para acionar comandos.

Para tornar o uso do computador e outras ações do
dia a dia acessíveis a outras pessoas com deficiência, a jovem desenvolveu um
aplicativo que permite ao usuário deslocar o mouse por meio de movimentos
faciais na tela do computador. Com isso, é possível realizar operações
rotineiras, como acender e apagar a luz, ligar e desligar a TV, entre outras.

A ferramenta também possui a função do “click do
mouse”, para que um software ou app seja aberto quando o cursor for posicionado
sobre um ícone por três segundos. “O projeto mostrou que é possível colaborar
com a redução das dificuldades que as pessoas com tetraplegia enfrentam
diariamente ao realizar atividades do cotidiano”, explica a professora da Fatec
Cruzeiro Mary Yokosawa.

Júlia foi bolsista do Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação Tecnológica e Inovação (Pibiti) do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e concluiu o curso na Fatec em
2018. O trabalho dela foi apresentado na 12ª Feira Tecnológica do Centro Paula
Souza (Feteps 2018).


+ Ciência