Estudo mostra que música potencializa tratamento contra hipertensão

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 9 de abril de 2018 às 07:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:40
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Pesquisa da Unesp mostra que a música intensifica os efeitos positivos da medicação em curto prazo

Uma pesquisa desenvolvida na
Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostra que a música pode intensificar os
efeitos de medicamentos contra a hipertensão arterial. O estudo, desenvolvido
em parceria com a Faculdade de Juazeiro do Norte, a Faculdade de Medicina do
ABC e a Oxford Brookes University (Inglaterra), identificou os benefícios da
associação em 37 pacientes.

Os participantes da pesquisa foram
avaliados durante dois dias. No primeiro, logo após ingerir a medicação, eles
escutaram música durante uma hora. No segundo, os remédios eram administrados,
mas eles apenas usavam os fones sem nenhuma melodia. “Nós concluímos que a
música intensificou, em curto prazo, os efeitos benéficos do medicamento
anti-hipertensivo sobre o coração”, disse o coordenador do estudo, o professor
do Departamento de Fonoaudiologia da Unesp Vitor Engrácia Valenti.

Para verificar os efeitos da música,
foi usado o método da variabilidade da frequência cardíaca, que tem mais
precisão e sensibilidade para avaliar as alterações no coração. Entre os
efeitos observados estão a desaceleração dos batimentos e a redução da pressão
arterial.

Música pop

Os pacientes foram estimulados com
músicas instrumentais das cantoras pop Adele e Enya. “Nós pensamos nessas
músicas porque são mais popularmente aceitas”, comentou Valenti sobre a
escolha. O grupo tem pesquisado desde 2012 os efeitos da música sobre o
coração. Nos experimentos anteriores havia sido usada música erudita.

A partir de estudos feitos em
animais, a hipótese dos pesquisadores para os resultados da associação entre o
medicamento anti-hipertensão e a música é que a combinação aumenta a absorção
dos remédios pelo organismo. “A música age sobre um nervo que estimula o
sistema gastrointestinal, causa uma vasodilatação, aumenta a absorção do
intestino nos animais. Uma hipótese é que a música acelerou a absorção do
medicamento pelo intestino”, explicou o coordenador do trabalho.

Além de potencializar o tratamento em
pacientes cardíacos ou hipertensos, Valenti acredita que a música pode se tornar
um método auxiliar para prevenir o desenvolvimento da doença em pessoas com
essa propensão. “A música pode ser associada com o medicamento para melhorar
ainda mais a saúde dos pacientes, até preventivamente, quando a pessoa tem
risco de desenvolver uma doença cardiorrespiratória”, acrescentou.


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