Estudo da USP aponta que 60% dos hipertensos deixam de fazer tratamento

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de dezembro de 2019 às 21:19
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:11
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Pesquisadores avaliaram 940 pacientes em São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto, Franca e Alfenas

Um estudo realizado pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, aponta que 60% das pessoas diagnosticadas com hipertensão não fazem o tratamento para a doença.

Segundo a pesquisadora Ana Carolina Godoy Daniel, doenças cardiovasculares são as que mais matam no mundo. A hipertensão é considerada fator de risco para o desencadeamento de enfermidades mais graves, como o câncer.

Em parceria com a Universidade de Quebec, no Canadá, os pesquisadores brasileiros realizaram um rastreamento para identificar possíveis pacientes. Ao longo de quatro anos, foram feitos exames em mutirões gratuitos de saúde realizados em Ribeirão Preto, Campinas, São Paulo, Franca e Alfenas (MG).

Do total dos avaliados, 39% estavam com a pressão arterial alterada. Os participantes que apresentaram sintomas foram encaminhados para atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

Ana Carolina explica que o diagnóstico não é feito apenas com uma única aferição que leva em conta o padrão estabelecido como normal, mas sim com um acompanhamento. “O rastreamento serve para alertar as pessoas, que elas tenham conhecimento de como os valores delas estão se apresentando naquele momento. Estando elevado, é indicado que ela procure um atendimento de saúde e tenha uma referência médica para que faça um tratamento adequado.”

Controle da doença

O estudo concluiu ainda que 12% dos diagnosticados desconheciam que sofriam da enfermidade. É o caso do professor de judô Sílvio Roberto Firmino, que descobriu há dez anos, por um acaso, que é hipertenso. 

Ele foi ao hospital para tratar uma infecção urinária e, no atendimento, a pressão estava alta. “Eu não sabia que a minha pressão era alterada. Eu não sentia nada, apenas uma dor de cabeça, mas eu tomava remédio e passava. Na verdade, eu não sabia nada sobre esta doença”, diz.

Desde então, Firmino leva o tratamento à risca. Sob orientação médica, ele toma remédios de manhã e à noite, tem uma alimentação mais balanceada e faz atividade física. “Se eu deixar de fazer os exercícios e só tomar a medicação, pode ser que eu tenha mais sintomas da doença, ou tenha que tomar uma medicação com dosagem mais forte. Então, eu vejo que a atividade física ajuda bastante e é muito válida”, afirma.

A professora da Escola de Enfermagem da USP, Eugênia Velludo Veiga, diz que, quando a doença é diagnosticada, precisa ser tratada imediatamente. “A hipertensão arterial é uma doença crônica. Ela não tem cura, mas ela tem o controle. O controle é fator mais importante do que a própria cura. Por isso, é importante a pessoa tomar os medicamentos conforme a prescrição médica, se alimentar de maneira adequada, reduzir o sal, praticar exercícios físicos”, diz.

O objetivo do estudo é fazer com que os índices de mortalidade causados pela doença caiam, conforme estabelece a Organização Mundial de Saúde (OMS). As pesquisadoras planejam uma abrangência maior do estudo nos próximos dois anos para ajudar na implementação de políticas públicas.


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