Estudo afirma ser possível diferenciar cérebro transgênero já no útero

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de maio de 2018 às 16:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Dois estudos recentes descobriram que cérebro de trangênero e cisgênero apresentam diferenças entre si

Um estudo, realizado pela
neuroendocrinologista belga Julie Bakker, na University of Liège’s Laboratory
of Neuroendocrinology, apontou que é possível saber se uma pessoa é transgênero
pelo exame de seu cérebro, de acordo com informações do
jornal britânico Telegraph. Publicada no começo do mês de maio deste ano, a
pesquisa também mostra que as pessoas trans já nascem sendo trans.

Em seu estudo, intitulado “Estrutura e
funcionamento do cérebro na disforia de gênero”, em tradução livre, Julie
explica que foram realizadas digitalizações (“scans”), cujos resultados
corroboravam com aqueles indivíduos que relataram ter “disforia de gênero”, ou
seja, que afirmaram ser transgênero. “Nós descobrimos que as respostas do hipotálamo de garotas
e garotos diagnosticados com disforia de gênero eram mais similares ao gênero
com que eles se identificam do que ao sexo cunhado em nascença”, ela
esclareceu. Ou seja, seria possível descobrir o gênero com o qual a pessoa de
identifica de verdade examinando o cérebro dela, podendo descobrir também se
ela é cis ou trans.

A profissional se demonstrou animada
com as descobertas, que “dão apoio à hipótese de diferenciação entre cérebros
cis e trans”. O estudo também descobriu que a massa cinzenta no cérebro pode
revelar se o gênero do indivíduo: “a massa cinzenta de pessoas com
disforia de gênero variaram de volume”.

Apesar de ainda ser preciso pesquisar
mais sobre o assunto, Julie manifestou alegria. “Nós poderemos nos equipar para
dar melhor apoio para pessoas trans, em vez de apenas mandar para um psiquiatra
e esperar que tudo se resolva”.

No começo do ano, pesquisadores da
Escola de Medicina da Universidade de São Paulo compararam os cérebros de
adultos trans com de adultos cis e descobriram, em estudo publicado na
Scientific Reports, que a ínsula, uma região do cérebro, tinha um volume distinto
dependendo se fosse o cérebro de uma pessoa trans ou uma pessoa cis.

Giancarlo Spizzirri, autor do estudo
publicado em março, disse que o resultado os levou a acreditar que as pessoas
são trans desde quando estão no útero. “Nós descobrimos que pessoas transgênero têm características que as aproximam do gênero
com o qual elas se identificam”, afirma.


+ Comportamento