Estima-se que 30% dos gatos estejam contaminados com a toxoplasmose

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  • Publicado em 27 de julho de 2018 às 15:36
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:53
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Doença pode gerar alterações nos sistemas cardíaco, nervoso central, ocular, respiratório, entre outros

Luiz Tadeu explica que a toxoplasmose é considerada importante para a saúde pública pela gravidade das consequências

Difícil quem nunca tenha ouvido falar sobre ela e mais difícil ainda conhecer alguma mulher que não tenha sido aconselhada – inclusive por seu médico – a doar seu pet durante a gestação. Tudo por conta da toxoplasmose, uma zoonose causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. “É uma doença cosmopolita. Estima-se que 30% dos gatos estejam contaminados com a doença, principalmente os animais de vida livre”, observa o médico veterinário Luiz Tadeu Braga Júnior, da Clínica Veterinária e Canil Animal Center.

A toxoplasmose acomete a maioria dos vertebrados homeotérmicos – homens, cães, gatos, aves, roedores, etc, porém, o ciclo só se completa na espécie felina – mas o ciclo biológico só se completa nos felinos que são considerados os hospedeiros definitivos da doença por permitir a replicação intestinal do agente e excreção nas fezes. O simples contato com um animal infectado, com seu pelo ou até mesmo com suas fezes “frescas” não são suficientes para contrair a doença. É que apenas 1% da população felina participa da disseminação da toxoplasmose. “Os gatos são infectados pela ingestão de carne crua e tecidos animais contendo cistos viáveis da doença”, esclarece Luiz Tadeu.

A principal forma de contágio para hospedeiros intermediários, incluindo o ser humano, é a ingestão de alimentos e água contaminados com solo que contenha fezes de gatos que possuam a doença, além do contato direto com fezes destes, sendo esta a forma a menos comum. “A doença é importante para a saúde pública, por acontecer transmissão transplacentária em mulheres que se infectem durante a gravidez, podendo causar graves alterações no feto e até a morte”, salienta.

Existe um equívoco da população e dos profissionais de saúde, uma vez que muitas mulheres grávidas são orientadas a não terem mais contato com animais, o que gera grande taxa de abandono. “Isto é falta de informação, pois dentre as possibilidades de infecção, o contágio por conta de contato direto com o gato é a opção mais improvável, porque seria necessário ingerir as fezes do gato contaminado”, diz.

As consequências

Mas não é esta consequência apenas. Tanto em animais quanto no homem, o agente pode gerar alterações nos sistemas cardíaco, nervoso central, ocular, respiratório, entre outros sistemas. Porém, os sintomas são vistos principalmente nos hospedeiros imunossuprimidos, pois cerca de 90% das pessoas infectadas não manifestam qualquer sintoma e a infecção se mostra autolimitante. “As alterações mais graves acontecem na transmissão transplacentária da doença, podendo gerar abortos, má formações e morte neonatal”, reforça Luiz Tadeu.

Tanto em animais quanto em humanos sintomáticos, o tratamento é feito à base de antibióticos e antiparasitários, variando conforme o sistema comprometido e o estágio da doença. Mas é possível prevenir a toxoplasmose. Entre os cuidados, o médico veterinário cita: não consumir carnes cruas ou mal passadas; lavar bem as frutas, verduras e legumes a fim de remover qualquer partícula de solo possivelmente contaminado com fezes felinas; ingerir sempre água fervida ou filtrada; calçar luvas para trabalhos de jardinagem ou em contato com o solo; manter a caixa de excretos dos felinos limpa e desinfetada e manter os animais com a saúde em dia, procurando um médico veterinário.

NO FOCO

Luiz Tadeu Braga Júnior – médico veterinário com mestrado em Ciência Animal

CRMV-SP 22.608

Clínica Veterinária e Canil Animal Center

Telefones: (16) 3724-7278 e 98165-1283

E-mail: l[email protected]