Especialistas buscam novas estratégias para aumentar adesão a vacinas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de setembro de 2018 às 12:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:02
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Diante da baixa cobertura vacinal no país, especialistas debatem sobre como aumentar a adesão da população

Diante dos baixos índices de
cobertura vacinal no país, especialistas em imunização se reuniram nesta
quarta-feira, 26 de setembro, no Rio de Janeiro, para discutir estratégias que
aumentem a adesão a vacinas entre brasileiros.

A 20ª Jornada Nacional de
Imunizações, coordenada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), deve
contar com a presença das principais autoridades e referências no assunto,
incluindo o próprio Ministério da Saúde.

Recentemente, a pasta precisou
prorrogar por duas semanas a Campanha Nacional de Vacinação contra a
Poliomielite e o Sarampo para bater a meta de imunizar 95% das crianças com
idade entre 1 ano e menores de 5 anos. Ainda assim, dez estados e 1.180
municípios não conseguiram atingir o índice. Ao todo, cerca de 516 mil crianças
não tomaram ambas as doses. Na faixa etária de 1 ano, a cobertura registrada
até o momento é de 88%.

Até o próximo sábado, 29 de setembro,
especialistas em imunização devem discutir, entre outros assuntos, o papel das
diferentes esferas governamentais na adesão da população às doses; vacinação
escolar; movimentos antivacina; vacinação do adulto — grupo que,
historicamente, não costuma se imunizar —; e experiências exitosas em outros
países. Para a presidente da SBIm, Isabella Ballalai, a troca de ideias pode
abrir perspectivas para o enfrentamento do cenário considerado adverso.

“Campanhas nos moldes da atual (contra
o sarampo e a poliomielite) são para lidar com situações pontuais ou
emergenciais. É inviável promover iniciativas semelhantes para as 14 vacinas
oferecidas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). As campanhas
de multivacinação realizadas nos últimos anos tentaram abranger o calendário de
forma mais ampla, mas, infelizmente, não geraram a adesão desejada”, afirmou.

Dados da entidade apontam para um
histórico recente de expansão de doenças imunopreveníveis no Brasil. Até 17 de
setembro, 1.735 casos de sarampo foram confirmados, sendo 1.358 no Amazonas e
310 em Roraima, além de casos isolados em outros sete estados. Autoridades
sanitárias também tiveram de lidar com surtos de febre amarela no país em 2017
e este ano. Já a cidade de São Paulo enfrenta, desde o ano passado,
surtos de hepatite A que já afetaram mais de mil pessoas.

O cenário, segundo Isabella, torna-se
mais preocupante se considerada a facilidade de locomoção entre grandes
distâncias propiciada pelo maior acesso ao transporte, principalmente aéreo.
Uma doença que levaria meses para atravessar um continente, por exemplo,
atualmente consegue cumprir o mesmo trajeto em poucas horas.

É o que acontece na Europa, que
recebe e envia viajantes de todo o mundo e passa por surtos de sarampo há pelo
menos dois anos. “Já falamos e não nos cansaremos de repetir: o risco de o
sarampo voltar a circular de forma endêmica e da pólio reaparecer é real”,
alertou. “Se enfermidades imunopreveníveis se instalarem porque não nos
vacinamos, a culpa será única e exclusivamente nossa. É preciso lembrar
que nós também podemos levar doenças para outros países e que devemos
demonstrar solidariedade a qualquer população que enfrente situações sociais
adversas”, completou, ao se referir a casos recentes de comportamento hostil
contra imigrantes venezuelanos.


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