Entenda por que é perigoso comprar óculos sem receita médica

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 28 de abril de 2019 às 00:26
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:31
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Uma avaliação completa feita por um oftalmologista ajuda a prevenir males como o glaucoma

Você chega na loja e é atendido por um
profissional que até veste jaleco. Ele testa várias lentes e, sem precisar ir
ao médico, você consegue comprar seus óculos por um preço bem em conta.

Parece bom, mas os riscos são grandes. Sem a
atenção devida, comprar óculos de grau sem receita, seja em óticas, farmácias
ou camelôs, pode ser uma cilada. “O
olho precisa do grau certo para ele, não um grau mais forte ou mais fraco. Usar
o grau errado leva a um esforço ocular, o olho fica sempre tenso. Isso
prejudica a visão”, afirma a oftalmologista Lizabel Gemperli, diretora regional
da seção Centro Oeste da Sociedade Brasileira de Oftalmologia.

Além de não proporcionar
qualidade plena na visão, o uso de óculos sem o grau adequado pode causar
problemas como dor de cabeça, sonolência e dificuldade de concentração na
leitura.

Com o tempo, o incômodo é
tanto que a pessoa acaba comprando outros óculos, investindo dinheiro
novamente. “Também há o problema de que muitos desses materiais não são de
qualidade. A lente não é boa, deixa a imagem deformada e embaçada, além de ter
durabilidade bem menor. Além disso, muitos desses óculos têm o mesmo grau para dois
olhos e, frequentemente, cada olho tem uma necessidade diferente”, completa
Lizabel. 

A importância do exame

Talvez o principal problema de economizar ao buscar óculos
sem receita seja a ausência da avaliação completa que somente o médico
oftalmologista é capaz de fazer em seu consultório. “O exame dos olhos é muito
mais do que um teste de visão. Costumamos dizer que o olho é uma janela para o
corpo. Por meio dele podemos avaliar o risco de doenças que não se manifestam
necessariamente pela visão, como diabetes descontrolada, problemas de pressão
arterial e, em casos mais raros, até tumores cerebrais”, explica o oftalmologista
Fausto Stangler, do Hospital Banco de Olhos de Porto Alegre.

A consulta regular ao oftalmologista também
é uma importante forma de prevenir males como o glaucoma, doença silenciosa e
que pode levar à cegueira. “Em
seu início, o glaucoma não apresenta qualquer sintoma ou provoca qualquer
incômodo. Seu diagnóstico só pode ser feito numa consulta oftalmológica, é
incurável e seu controle para evitar a cegueira requer muita força de vontade
do paciente”, alerta José Ottaiano, presidente do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia.

A recomendação dos especialistas é consultar
um médico oftalmologista uma vez ao ano, principalmente depois dos 40 anos.

As crianças também precisam de
acompanhamento anual pelo menos até os sete anos. Quem usa óculos, não importa
o motivo, precisa revisar as lentes todos os anos, pois os graus nunca se
estabilizam totalmente.


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