Engenheiro vira lixeiro e cria negócio que muda o mercado da reciclagem

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de janeiro de 2020 às 19:27
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:14
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Sua empresa, a Boomera, hoje conta com 150 funcionários e prevê movimentar R$ 100 milhões neste ano.

​Em um país onde apenas 4% do lixo é reciclado, o engenheiro de materiais Henrique Guilherme Brammer Jr aceitou o desafio de desenvolver um negócio de impacto social que lida com os resíduos de difícil reciclagem, como os plásticos com dupla ou tripla composição.

Henrique, que se considera um ‘lixeiro’, fundou a Boomera, uma empresa que promove a economia circular agregando valor a materiais recicláveis que iriam para aterros sanitários e lixões.

Até então completamente descartadas, as capsulas de café e as fraldas usadas passaram a fazer parte da cadeia produtiva, beneficiando diferentes atores do processo. 

A Boomera hoje conta com 150 funcionários e prevê movimentar R$ 100 milhões neste ano.

Visibilidade

E o reconhecimento pelo salto inovador de Henrique já chegou: ele venceu o Prêmio Empreendedor Social 2019, maior concurso de empreendedorismo socioambiental da América Latina e um dos mais relevantes do mundo.

Em meio a todo esse trabalho, o engenheiro-lixeiro também tem financiado pesquisas em institutos e universidades.

Sua atividade proporcionou a inclusão social para cerca de 8 mil catadores em 13 estados brasileiros, cuja renda saltou de R$ 400 para R$ 1.500 mensais; uma parceria com 200 cooperativas; e a reciclagem de 60 mil toneladas de plástico anuais.

Reciclagem & Economia Circular

O impacto da economia circular está em todo lugar: o lixo recolhido na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, tornam-se cones para aulas de educação física; fraldas sujas são convertidas em lixeiras e cabides; embalagens de suco em pó se tornam instrumentos musicais.

Graças a uma parceria com as lojas do Grupo Pão de Açúcar, a Boomera possui mais de 100 pontos de coleta de material e uma fábrica em Cambé, no Paraná, que conta com um faturamento de cerca de R$ 40 milhões.

Em breve uma nova fábrica, na capital paulista, será aberta para transformar cápsulas de café descartadas em suportes plásticos e porta-cápsulas.

Mais do que isso: o negócio promete se expandir para outros países, como Argentina, Chile e Colômbia por meio do CircurlarPark – metodologia que envolve cientistas e catadores que permite a reciclagem de resíduos difíceis, que retornam para a indústria.

“No futuro, temos como objetivo alcançar parceiros globais e expandir nossos projetos para outros países. Todos têm problemas com o lixo e o planeta ainda adota o modelo linear como premissa. Isso precisa mudar e é possível”, afirma, acrescentando que 1 milhão de pessoas, na cidade de São Paulo, vivem da reciclagem.


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