Empresa faz bolsas com sobras de estofamento de carros e cresce

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de novembro de 2016 às 08:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:02
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

O que é resto para a Courotec vira matéria-prima para a Sta. Spalla

Pâmela Oliveira e Antonio Crestani, ambos de 24 anos, são os criadores da Sta Spalla, marca que produz bolsas com tecido automotivo reaproveitado. 

Criada em agosto, em Canoas, a empresa vem para resolver um problema para Daniela Toniolo, 34, empresária à frente da Courotec, que faz o revestimento de bancos de carro em couro, em Porto Alegre. Ao trocar os estofamentos, sobrava o material antigo.

Assim, a dupla dá jeito de despachar o que é “resto” na produção da Daniela, dando nova vida ao revestimento antigo do carro. Pâmela é jornalista e Antonio é designer. 

A Sta. Spalla surgiu da vontade dos dois de “fazer algo” (vamos chamar aqui de “coceirinha empreendedora”), com o propósito de prolongar a vida útil de materiais.

Uma longa pesquisa os levou ao tecido automotivo. Neste mês, eles expuseram na feira Open Moda, versão itinerante da Open Feira de Design, onde pela primeira vez apresentaram o produto ao consumidor.

“Tudo está acontecendo muito rápido. Estamos tentando ir com calma para não nos atropelar”, Antônio diz, aos três meses de empresa. 

Atualmente, o estofamento de um carro rende até três bolsas, dependendo da orientação dos cortes. Com estoque de cerca de 30 unidades, o e-commerce vende os modelos ao preço de lançamento, R$ 99,00.

A confecção das bolsas passa por toda uma curadoria e limpeza (com sabão biodegradável) dos pedaços de tecido e combinação de estampas, até a colocação do forro, também feito de algodão e plástico reciclado.

“Queremos operar este conceito até o fim dos processos”, afirma Pâmela. Daniela atua, inclusive, como uma espécie de coach dos jovens. 

“Se vocês vão começar a ir para feiras, precisam registrar logo o produto”, alertou. Outra dica dela é que eles produzam uma “bolsa da paternidade”, especial para pais. “Se você fizerem, eu quero uma”, brinca a empresária, que está grávida.

A Courotec não cobra nada pelo material destinado. “Há muitas possibilidades naquilo que a gente trata como resíduo, e este material é de difícil descarte, não tem uma fácil degradação”, pontua Daniela. 

Além da Sta. Spalla, a empresa já fazia doações do material para confecções de pantufas, almofadas e para os funcionários, que levam as sobras para prestação de serviços de estofaria. 

A espuma dos estofamentos vai, ainda, para uma cooperativa que produz almofadas, tudo gratuitamente e virar miolo de caminhas de cachorro, feitas pelas instituições de apoio aos animais Fucinhos de Amor e Fucinhos de Rua.

“O volume é grande, não deixamos de atender ninguém”, comenta. Uma parte do retalho do couro é vendido para fabricantes de sandálias e bolas de futebol.

O conceito, para todos os envolvidos nos negócios que se desdobram a partir da Courotec, é o de continuidade. “É uma forma de rever e repensar o consumo e a vida útil das coisas”, salienta Pâmela.

Os produtos da Sta. Spalla são vendidos pela internet e o preço de lançamento é de R$ 99,00


+ Um Toque a +