Em vez de adiar muito, jovens se casam cada vez mais precocemente

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 5 de janeiro de 2016 às 14:10
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 17:34
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Na contramão do que é usual,
cresce número de jovens que
decidem encarar o casamento

Apesar das dificuldades iniciais do casamento, Viviane e Hermes celebram três anos da união

Estudar, ter tempo para investir na carreira profissional, conseguir um bom emprego, sair da casa dos pais. Com tantas responsabilidades e novas prioridades da vida moderna, o que não faltam são motivos para adiar o casamento. Tanto que os dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que a média de idade dos noivos em Franca está subindo: os homens têm se casado, em média, aos 28 anos; enquanto as mulheres, com 26 anos – ambos com três anos a mais que os números de 2001, quando os homens casavam com 25 e as mulheres com 23 anos. A tendência foi verificada em 2011, ano-base da pesquisa.

Ainda assim, é muito expressivo o número de jovens que decidem trocar alianças. Os dados do IBGE revelam que entre 2010 e 2013, mais de 1,5 mil adolescentes com 19 anos ou menos se casaram no país. Em três anos, o número aumentou 13%. A vendedora Viviane Marques Mourão, 21 anos, e o pespontador Hermes de Souza Mourão, 20 anos, engrossam estas estatísticas. “Decidimos nos casar após um ano e meio de namoro. Muita gente foi contra, por conta da nossa idade, mas estávamos decididos a isso”, diz Viviane.

Casados há três anos, o casal admite que nem tudo são flores. No começo, pela pouca idade e ainda sem uma vida profissional estabelecida, as contas foram o principal obstáculo. “Hoje, estamos conseguindo administrar bem o orçamento a ponto de economizarmos para a casa própria”, revela a vendedora, que diz ter amadurecido muito com o casamento. “As conquistas que você tem com o seu parceiro, a união, poder dividir os momentos felizes e tristes é a melhor parte”, acredita.

Os motivos

 Apesar das uniões que dão certo, para especialistas, a realidade é preocupante, pois a vida a dois exige maturidade e organização financeira, o que nem sempre é possível entre jovens. Além disso, apontam, muitos acabam abandonando os estudos para assumir as novas responsabilidades. “Principalmente entre as famílias menos abastadas financeiramente, essa relação acontece pelo fato de o jovem querer sua ‘liberdade’. Ele acredita que se casando, saindo da casa dos pais, adquire um nível de responsabilidade em que não deverá mais satisfações a terceiros. O casamento também é visto como fuga da miséria e de maus tratos ou solução para gravidez precoce”, observa a psicóloga Sueli Vasconcelos Pereira.

Foi exatamente isso que aconteceu com Fernanda Rocha Araújo, 23 anos, que se casou aos 18 anos, impulsionada por uma expectativa falsa de independência. “Apesar de apaixonada, não tinha experiência para lidar com a parte prática do casamento – como o que incluir na lista de compras ou planejar o que será servido no almoço do dia seguinte”, conta a auxiliar odontológica, que permaneceu casada apenas um ano. “Na casa da sua mãe você usa uma roupa, coloca no cesto de roupa suja e ela volta limpa para o armário. Você não precisa acompanhar todo o processo”, exemplifica Fernanda, que após o divórcio decidiu voltar a estudar. Hoje está no 2º ano de Direito e cheia de planos para o futuro. Ainda que não tenha conseguido garantir o tão esperado final feliz na primeira tentativa, ela não deixou de acreditar no casamento. “A vida a dois é muito gostosa”, derrete-se.


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