Fogos de artifício fizeram duas vítimas em 10 anos em Franca. Ribeirão 72

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 6 de junho de 2018 às 17:58
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:47
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Vizinha cidade está entre as que mais registram casos do tipo no País, segundo Conselho

​O manuseio inadequado de fogos de artifício levou à internação hospitalar mais de 5 mil pessoas no Brasil, entre 2008 e 2017, segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM). 

Apenas em Ribeirão Preto foram 72 casos nesse período, o que coloca o município na 13ª posição nacional entre os que mais registraram acidentes com esse tipo de aparato.

Franca está no ranking, porém com bem menos vítimas: 02, sendo 01 em 2012 e outra em 2017. Da região o destaque negativo fica com Passos (10 casos em 10 anos), Mococa (4), Guaíra (3), Barretos (2), além de Batatais e Cássia (1). 

Especialistas apontam que o tipo de queimadura causada pelos fogos, na maioria das vezes se enquadra entre as mais graves, por envolver fogo e explosão, causando sequelas na pele e, muitas vezes, até mutilações. 

O estudo foi divulgado pelo CFM para alertar sobre os riscos nesta época do ano, que concentra festas juninas. Além disso, o esporte é um agravante: em 2014, ano da última Copa do Mundo de Futebol, o Brasil registrou o recorde de casos de internações em razão deste problema. A competição volta a ser realizada neste ano.

Os números em Ribeirão Preto aumentaram consideravelmente desde 2008, quando foram registrados apenas dois casos, de acordo com o conselho: em 2017, foram registrados nove casos no município, sendo que, em 2015, foi atingido o maior número de vítimas, já que 20 pessoas tiveram de ser internadas por acidentes ocasionados pelo lançamento dos fogos de artifício.

Apesar de apresentar um número nove vezes menor do que o primeiro colocado da lista, a relação de Ribeirão Preto com esses casos é bem mais relevante, afinal, o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto conta com uma unidade especializada no tratamento de queimaduras e recebe pacientes de todas regiões do País.

Nos últimos 21 anos, o Brasil registrou 218 mortes por acidente com fogos de artifício. No período, foram 84 acidentes fatais na região Sudeste, seguido de 75 na região Nordeste e 33 na região Sul. 

Já nas regiões Centro-Oeste e Norte, foram registrados, juntos, 26 óbitos. Além de mortes – aproximadamente dez a cada ano –, o uso de fogos de artifício pode provocar queimaduras, lesões com lacerações e cortes, amputações de membros, lesões de córnea ou perda da visão e lesões auditivas.

Em média, são registradas nos serviços públicos de saúde cerca de 80 internações somente no mês de junho. 

“Se considerarmos que em algumas regiões as festas juninas têm início nas quermesses de maio e vão até julho, podemos verificar que um terço de todas as hospitalizações acontecem apenas neste período de 90 dias. É preciso, portanto, ter cautela no manuseio desses fogos, sobretudo promovendo ações de proteção às crianças”, destacou Carlos Vital, presidente do CFM.

“É importante falarmos francamente sobre esse assunto e educar as próximas gerações. Não há fogos seguros para o manuseio de crianças, elas não devem manipular e nem ficar expostas a nenhum tipo de fogos, mesmo os de classificação livre. As crianças devem saber que fogos são perigosos e que só devem ser manipulados por adultos, seguindo instruções de segurança ou por profissionais. Essa postura é que reduzirá os acidentes de forma eficiente”, afirma o presidente da SBCM, Milton Pignataro.     

Ranking 

Segundo dados do Sistema de Informação Hospitalar (SIM), nos últimos dez anos 5.063 pessoas foram internadas para tratamento por acidentes com fogos de artifício. Na série analisada, o ano de 2014 foi o que registrou o maior número de acidentes. Naquele ano, o Brasil foi palco da Copa do Mundo, o que pode ter motivado o aumento no número de casos.

Entre os estados, a Bahia aparece com o maior número de casos em quase todos os anos. Ao longo da última década, 20% das internações ocorreram em municípios baianos. Outros destaques foram os estados de São Paulo, com 962 casos (19%), e Minas Gerais, onde houve 701 internações (14%). Juntas, as três unidades da federação representam mais da metade dos todos os casos registrados no período (53%). Entre os estados com menor número de notificações estão Roraima (17), além de Tocantins e Acre, ambos com apenas 14 internações. Confira abaixo a lista completa por estado:

Na avaliação por município, Salvador lidera com folga o ranking das cidades com o maior número absoluto de acidentes com fogos de artifício: 686 internações ao longo da década. Em outras palavras, pelo menos um em cada dez acidentes acontece em Salvador. Em segundo lugar aparece a capital paulista (337), seguido por Belo Horizonte (299).

Perfil do acidentado 

Os homens representam a absoluta maioria dos registros no período analisado: 4.245 internações, número que representa 83% do total de casos. As mulheres representaram apenas 17% das ocorrências, com 853 internações.

“Quando se trata de fogos de artifício, todo cuidado é pouco. Além de sempre seguir as instruções do fabricante, nunca se deve carregar bombinhas nos bolsos, acender próximo ao rosto e é importante ainda evitar associar a brincadeira com fogos ao uso de bebida alcoólica. Não se deve deixar as crianças brincarem com os fogos. É importante lembrar que, além das mortes registradas por fogos de artifício, muitas pessoas ficam com sequelas para o resto da vida”, orienta a presidente da SBOT, Patrícia Fucs.

Para não transformar as festividades em uma tragédia, o especialista também recomenda evitar que as crianças estejam expostas aos riscos das explosões. De acordo com os dados apurados pelo CFM, 39% das internações envolviam crianças e adolescentes de zero a 19 anos. Já entre os adultos de 20 a 49 anos, foram registradas 46% das internações no período.

Confira a evolução das internações por sexo e idade.

Precauções 

Em caso de acidente, as pessoas devem lavar o ferimento com água corrente, evitar tocar na área queimada e não usar nenhuma substância sobre a lesão – como manteiga, creme dental, clara de ovo e pomadas. É recomendado que se procure o serviço de saúde mais próximo, para atendimento médico adequado.

Fique atento

A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Mão alerta que:

– os artefatos sejam acionados com o uso de suportes, e nunca sejam segurados diretamente nas mãos.

– as crianças devem ser mantidas longe, no momento do acionamento, e não devem manipular os artefatos de forma alguma.

– os cuidados devem começar já na aquisição dos fogos, que deve ser feita em comércio certificado pelo Corpo de Bombeiros.

– não consumir álcool antes de manusear o artefato.

– os fogos devem ser acionados em locais afastados das pessoas, em áreas abertas e sem fiação elétrica.


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