​Eleição de Gilson para o Comam tem bastidores de racha no consórcio

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de janeiro de 2017 às 07:54
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:05
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Prefeito francano, do DEM, leva presidência por aclamação, mesmo com maioria do PSDB

O que deveria ser uma breve reunião de prestação de contas da direção que se encerrou e a eleição por aclamação do novo presidente do Comam – Consórcio dos Municípios da Alta Mogiana, nesta quarta-feira, em Franca, mostrou um colegiado de 23 prefeitos extremamente rachado e com clara partidarização.

De um lado a “turma da linha da Anhanguera” formada por municípios como Orlândia, Ipuã, Guará, entre outras e do outro lado o pessoal da linha da Portinari, liderada por Franca e Rifaina.

Haviam 23 dos 29 municípios representados por seus prefeitos. Um deles, da praia, se inscreveu omo candidato a presidência por ofício e monitorou a eleição por celular, do litoral nordestino. 

No meio, quatro ou cinco assessores do deputado Roberto Engler, escalados para impedir mais uma ascensão política do adversário Gilson de Souza, que havia dado um baile nos tucanos no segundo turno das eleições em Franca.

Em reunião tão tensa quanto desgastante – para prefeitos, assessores e imprensa – a falta de tato da assessoria do Comam ficou evidenciada logo no início da reunião: a prestação de contas do ex-prefeito e ex-presidente Marco Hernani Issa Luiz (Altinópolis) foi feita a portas fechadas, apenas para os prefeitos.

Em seguida, a própria eleição também foi fechada (até a cortina da porta do salão onde os prefeitos estavam, foi fechada, como se eles tivessem muito a esconder). Jornalistas e assessores ficaram à base de água e café, esperando no saguão por quase quatro horas. 

De quebra uma situação inusitada: um dos candidatos a presidente do Comam (Marcos Mian, de São Joaquim da Barra) estava em férias com a família, na praia, e dava ordens aos correligionários por telefone. Registrou sua chapa num lacônico ofício.

Não se sabe por que, cargas d’água, ninguém se insurgiu com o absurdo: um candidato ausente conseguia tumultuar um processo com clara coloração partidária, tendo de um lado alguns prefeitos fiéis ao deputado Roberto Engler (o PSDB fez 10 prefeitos na região), e de outro um desarticulado e confuso grupo do prefeito de Franca, Gilson de Souza.

A escolha do novo presidente do Comam ganhou contornos de absoluta falta de consenso.

Gilson queria ser candidato, queria ser presidente do Comam, mas na hora em que foi defendido pelo seu fiel amigo Hugo Lourenço, prefeito de Rifaina, disse que abria mão em favor do consenso para que Marcelo Mian fosse eleito.

Irritado, Hugo Lourenço deixou a sala e foi cumprir outro compromisso da agenda que já estava atrasado. “Vou ter uma reunião que vai garantir empregos para Rifaina, na construção de um edifício na cidade”, limitou-se a dizer, negando-se a comentar o que ocorrera dentro da sala de reuniões. 

Outro jovem prefeito, que também apoiava Gilson enviou mensagem a um jornalista: “Tá uma palhaçada aqui dentro”, escreveu. Este prefeito também deixou o colegiado irritado e sem falar com a imprensa.

A pressão do prefeito que saiu do plenário parece ter despertado certo ar de responsabilidade entre os que ficaram e decidiu-se pela aclamação de Gilson de Souza.

Quando foi anunciado o resultado, era visível a surpresa e a decepção dos tucanos que o tempo todo articularam contra o prefeito de Franca ser o novo presidente do Comam.

Ao fim da reunião, Gilson de Souza amenizou a posição do prefeito de Rifaina Hugo Lourenço: “Ele é meu amigo, meu irmão…”. Mas não explicou nem se desculpou.

Hugo havia feito um discurso que já convencera a maioria dos colegas a votarem em Souza. 

A maioria já teria até se levantado para aclamá-lo mas ele, na “hora h” disse que abriria mão, o que irritou aquele que talvez fosse o único verdadeiro aliado dele no consórcio.

Mas para o prefeito de Franca tudo acabou bem. Ele foi eleito, por tabela impôs mais uma derrota a Engler e ao PSDB.

Mas seu discurso de “planejamento estratégico regional”, que ele vem pregando desde a campanha eleitoral (mas não explica exatamente o que diabos isto significa), terá que ser revisto. 

Ao menos até ele juntar os cacos de um Comam dividido e endividado… 


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