​Eis que o destino nos propõe um divã!

  • EntreTantos
  • Publicado em 13 de setembro de 2017 às 14:37
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:27
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

A oportunidade única de olharmos para dentro de nossas entranhas.

          Exatamente
paciente leitor!

          De
artigo em artigo, de analogia em analogia, caminhamos lenta e progressivamente
para o exato ponto em que nos encontramos agora. Talvez, seja agora, o ápice da
relação que lapidamos. Nossas afinidades se entrelaçaram, se enraizaram.
Forjamos e concretizamos um ponto de vista comum e amadurecido. Nossas artérias
conceituais estão interligadas suficientemente bem, para avançarmos um passo
nessa relação. Não, decididamente, não se trata de um enredo de telenovela
mexicana, também, não faço aqui, qualquer conspiração matrimonial, tampouco,
meu editor se confundira e publicara os ensaios melancólicos de uma carta
conjugal. Falo da sólida compatibilidade de conceitos que adquirimos no
decorrer das edições.

          A
locomotiva que conduz nosso estado já descarrilou faz tempo, isso é um fato.
Houve a substituição polêmica do condutor, o vagão da primeira classe esta
totalmente atolado, imerso no lamaçal da corrupção. Não sei quanto a você, caro
leitor, mas, tenho a penosa sensação de que fomos esquecidos no vagão de
cargas, rodeado de alfafa. Estamos em queda livre, sem qualquer item de
segurança a nosso dispor. Por esta razão, caso ainda suporte meu novo estilo, o
convoco para uma viagem extremamente necessária à nova reforma que estamos por
executar. Uma viagem particular, a uma terra repleta dos mais complexos vales,
grotescos pântanos e perfumados bosques. Uma terra colonizada e padronizada
pelos mais sanguinários usurpadores. Nosso passaporte é um simples espelho.

          É
no minimo, difícil, aceitar a realidade de que nós dois somos também cúmplices
dos crimes praticados contra a pátria, direta ou indiretamente. Antes de nós,
nossos pais, e os pais dos nossos pais. Herdamos a filosofia do extrativismo.
As riquezas naturais de nossos terras nos induziram a tal. Nos frios tribunais
de nossa mente, nossa defesa falhará, ante o arsenal de provas que revelaram
uma cadeia de delitos praticados por nós, quando nos permitimos fácil
manipulação e votamos em placas partidárias, quando sonegamos a prudente ação
ao bem coletivo, decidindo em prol de nossas individualidades, do simples
piratear de um objeto, à manipulação do sistema em beneficio próprio. Em nossa
defesa, cúmplice leitor, alegarei que não, desligamos os aparelhos que causaram
tantas mortes em vão nos hospitais, aliás, tampouco, fomos canalhas suficiente
para praticarmos crimes financeiros contra o estado. Também, jamais pagamos ou
recebemos propinas e uns certos milhões encontrados num determinado
apartamento, juro que não nos pertence. No entanto, tristemente deverei nos
delatar num ponto, e confessar que nos dois, em prol de nossa zona de conforto,
não somente abrimos todas as portas para os criminosos, como também ficamos de
sentinela. Isto faz de nós criminosos? Espero que o juri decida que não.

          Façamos
então um juramento, cúmplice leitor, que por solidariedade, não abortara a
leitura, proponho abolirmos qualquer fragmento de ato corruptível que venha a
nos seduzir, a nodular as vértebras de nosso caráter. Novas eleições estão se
aproximando e, com ela, talvez a ultima e misericordiosa oportunidade de
realmente fazermos a diferença. Portanto, erga-te nobre cavaleiro, o futuro de
nossos filhos está ameaçado, é hora de revogarmos todos os conceitos e
reivindicar, com toda nossa força, a terra que nos é de direito. Amém.  

*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.


+ zero