Duas novas vacinas serão produzidas pelo Instituto Butantan para o SUS

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de março de 2018 às 17:41
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:39
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A instituição será um dos 4 produtores mundiais da vacina contra hepatite A e tríplice acelular (dTPa)

As vacinas contra
hepatite A e a tríplice acelular (dTPa) serão produzidas pela primeira vez no
Brasil pelo Instituto Butantan. A iniciativa foi possível devido ao anúncio da
construção de uma nova fábrica de medicamentos que dará espaço para a produção das
duas substâncias.

Com o registro concedido pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), a instituição será um dos quatros produtores
mundiais da vacina contra hepatite A e um dos três produtores da vacina contra
difteria, tétano e coqueluche.

Dimas Covas, presidente do Instituto comenta sobre a
conquista: “Este novo laboratório reafirma a missão do Butantan com
as pesquisas, inovação, produção e desenvolvimento de produtos,
contribuindo com a saúde pública do país”, disse. ​

A primeira vacina contra hepatite A é proveniente de
uma parceria com a empresa Merck Sharp Dohme, que irá conceder a transferência
integral da tecnologia utilizada na fabricação da vacina. O processo será feito
em etapas e o Butantan receberá os blocos de produção aos poucos. “Hoje, o
Instituto já oferece essa vacina para o SUS. Mas o processo de produção não é
feito totalmente aqui. Nós fazemos o controle e a embalagem antes de distribuir
para a rede. Com a parceria e com a absorção da tecnologia, a ideia é conseguir
avançar em outras fases da vacina”, explica o gerente de transferência de
tecnologia do Butantan, Tiago Rocca.

No caso da tríplice,
o processo será um pouco diferente. A parceria com a farmacêutica britânica
GlaxoSmithKline (GSK) oferecerá parte da tecnologia de fabricação da vacina.
Isso porque o Instituto já possui a ciência de dois dos três elementos
presentes na substância.

Segundo Rocca, ela também já está incorporada ao SUS
no Brasil. “Hoje a farmacêutica europeia produz cerca de 90% da vacina. A ideia
é desenvolver o produto combinando as frações que o Brasil já tem com o que a
GSK nos forneceu. Lá na frente teremos um produtor 100% desenvolvido pelo
Butantan”, completa.

Ela será, portanto, configurada como um novo produto
nacional, uma vez que a instituição de pesquisa deve realizar estudos clínicos
dentro do país.

“A produção dessas duas vacinas será extremamente
estratégica. Enquanto a hepatite A acomete diversos brasileiros, a vacina
contra difteria, tétano e coqueluche tem as gestantes como público-alvo. Com o
anúncio da parceria, nós diminuiremos a importação de materiais, teremos
autossuficiência de produção e, claro, reduziremos os custos”, finaliza Rocca.

Nova
fábrica

O anúncio da construção da nova fábrica foi feito na
comemoração do 117º aniversário do Instituto Butantan, no último dia 23 de
fevereiro. O projeto prevê a construção de um laboratório de anticorpos
monoclonais através da parceria com a farmacêutica Libbs, empresa 100%
nacional. Com ele, a instituição irá produzir seis novos medicamentos para o
SUS.

A nova unidade será implementada em uma área de
800m² com incentivo de R$ 40 milhões da entidade parceira. Os anticorpos
monoclonais serão utilizados para o tratamento de câncer e doenças autoimunes.
Assim, o Instituto será capaz de aumentar o acesso ao tratamento de alto custo
dessas doenças.

A fábrica também oferecerá espaço para a produção
das duas vacinas. Ambas necessitam de um ambiente próprio para fabricação que,
até então, o Instituto não possuía. O objetivo é utilizar as instalações para
conseguir trazer toda a tecnologia concedida pelos laboratórios estrangeiros. É
importante ressaltar que a produção das vacinas será independente da dos
anticorpos monoclonais.


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