Dores crônicas afetam pelo menos 37% da população brasileira

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de setembro de 2018 às 13:28
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:02
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Cerca de 60 milhões de pessoas relatam sentir dores que persistem por mais de três meses

Pelo menos 37% da
população brasileira, ou 60 milhões de pessoas, relatam sentir dor de forma
crônica, aquela que persiste por mais de três meses, de acordo com estudo feito
pela Sociedade Brasileira de Estudos da Dor (SBED), a Universidade Federal de
Santa Catarina, Faculdade de Medicina do ABC e uma clínica de tratamento da
dor.

A Região Sul é a
mais afetada (42%), seguida do Sudeste (38%), Norte (36%), Centro-Oeste (24%) e
do Nordeste (28%). Foram entrevistadas 919 pessoas em todas as regiões.

Por causa da importância e do impacto da dor na vida dos indivíduos, o tema é
discutido no Congresso Singular-Sobramid (Sociedade Brasileira de Médicos
Intervencionistas em Dor), em Campinas. O encontro, que
começou na quarta-feira, 19, e vai até o dia 22 de setembro, é o maior sobre o
tema no país este ano.

Serão mais de 180
atividades, com a presença de 20 conferencistas internacionais. Entre os
destaques estão Menno Sluijter, o primeiro a descrever a radiofrequência
pulsada para o tratamento da dor, e Gabor Racz, responsável pelo
desenvolvimento da adesiólise percutânea. Ambos farão procedimentos cervicais,
torácicos, lombares e sacrais durante o congresso.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Médicos
Intervencionistas em Dor (Sobramid), Paulo Renato Fonseca, a dor crônica é tão
nociva que pode prejudicar a rotina do indivíduo e estar ligada à depressão, a
transtornos de ansiedade e até ao suicídio. “A dor, de modo geral, talvez seja
umas das situações humanas que mais causam sofrimento. Não só a dor causa um
sintoma desagradável em quem está doente, mas traz repercussões biológicas,
psicológicas, sociais, espirituais, isolamento, sentimento negativo e problemas
de ordem familiar”.

De acordo com o médico, é preciso tratar a dor com vários
profissionais da saúde e médicos intervencionistas que fazem procedimentos para
melhorar o sintoma, que interfere diretamente na capacidade de trabalho do
indivíduo. “Imagine uma pessoa que tem dor todo dia, o dia inteiro, durante
meses. Certamente vai sofrer impacto. Existe um custo para o sistema de
seguridade social que tem de arcar com a invalidez temporária, parcial ou
definitiva desses pacientes severamente doentes”.

Entre as dores mais comuns estão a lombar, nas articulações,
face, boca, pescoço, dores de cabeça, enxaquecas, neuropatia. Para prevenir as
dores, os médicos indicam a prática de exercícios, correção postural,
alimentação adequada, vacinação (em especial contra herpes zoster), controle do
peso e de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Ao mesmo tempo em que
as dores sinalizam doenças, podem agravar condições crônicas e gerar quadros de
sedentarismo e obesidade.

Segundo Fonseca, todos os tratamentos para dor crônica estão
disponíveis tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto nos planos de saúde.
“Muitas pessoas acham que são procedimentos de alta tecnologia, caros e
não são. São relativamente baratos. Alguns são caros, mas a maioria não
é”. Ele ressaltou que as técnicas intervencionistas ajudam a reduzir o
consumo de analgésicos. “Uma das novidades a serem tratadas no congresso é
a chegada da medicina regenerativa, que utiliza células-tronco, plasma rico em
plaquetas, que são substâncias retiradas do próprio corpo da pessoa que podem
ser utilizadas para dor. Teremos também a presença de 15 estrangeiros que
mostrarão novas tecnologias”.


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