Dirigentes e ex-atletas pedem socorro financeiro ao basquete brasileiro

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de junho de 2018 às 08:02
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:47
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Tema foi abordado em debate sobre o patrocínio de estatais ao esporte em geral

Representantes do basquete brasileiro pediram socorro financeiro à modalidade em audiência pública sobre patrocínio estatal realizada nesta quarta-feira (6) pela Comissão do Esporte da Câmara dos Deputados. 

Com gestão temerária e crises técnica e financeira, um dos esportes mais populares do País chegou até a ser suspenso da Federação Internacional de Basquete, em 2016. No cargo desde março de 2017, a nova direção da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) tem o apoio dos principais ídolos do esporte, mas ainda não conseguiu um patrocinador master para financiar a retomada efetiva da modalidade.

“Temos um passivo de R$ 46 milhões. Ontem, o telefone foi cortado. Outro dia, veio um arresto de impressora. Nossa dificuldade é diária, mas estamos fazendo o basquete assim mesmo”, informou o atual diretor de operações da CBB, Ricardo Trade, ao relatar a situação dramática deixada pela administração anterior.

Em tom de desabafo e diante de diretores de marketing de várias estatais, o maior ídolo do basquete nacional, Oscar Schmidt, queixou-se do abandono do esporte. 

“O Banco do Brasil se esqueceu que patrocinou nossa seleção na conquista do Pan-americano de 1987. A Caixa patrocina o NBB [campeonato nacional de clubes], mas quem cuida das seleções é a confederação. A Petrobras investe em outras modalidades”, disse.

“Eu estava pronto para ser o interlocutor entre a Eletrobras e a CBB, mas não aconteceu. BNDES e Correios também não patrocinaram nada do basquete. Quem quiser ter visibilidade invista no nosso esporte porque estamos começando do nada. Não temos dinheiro para nada”, acrescentou.

Além da gestão renovada e mais transparente, a atual direção da CBB aposta nos atrativos de popularidade do basquete, que tem cerca de três milhões de praticantes, cem times profissionais e 35 milhões de fãs, segundo a entidade.

Negociações
Das estatais presentes na audiência, a Caixa deu esperanças de retomar as negociações com a CBB, depois de superadas algumas pendências, como explicou Gerson Bordignon, um dos gerentes-executivos do banco.

“O problema da confederação é o fato de não ter certidão. Há a limitação do litígio com a Eletrobras, que precisa ser resolvido. A gente não pode entrar enquanto há litígio com outra estatal.”

Transparência
Durante o debate, representantes do marketing de Caixa, Banco do Brasil, BNDES, Petrobras, Correios e Eletrobras detalharam os atuais patrocínios e o retorno, sobretudo em termos de exposição positiva de suas marcas na mídia.

Os Correios, por exemplo, investiram cerca de R$ 200 milhões em patrocínio a esportes aquáticos, tênis, handball, rúgbi e squash, desde 2009. O retorno de mídia foi superior a R$ 500 milhões.

O Banco do Brasil informou patrocínio de mais de R$ 900 milhões nos esportes – principalmente no vôlei -, nos últimos dez anos.

Alexandre Valle, presidente da Comissão do Esporte, cobrou mais clareza no direcionamento dos patrocínios de estatais

O BNDES adotou a canoagem (R$ 34,5 milhões de 2017 a 2020), a Petrobras tem foco nos esportes automotivos, enquanto a Caixa patrocina as confederações de atletismo (R$ 60 milhões) e de ginástica (R$ 20 milhões), além do comitê paralímpico (R$ 95 milhões).

O presidente da Comissão do Esporte, deputado Alexandre Valle (PR-RJ), cobrou mais clareza no direcionamento dos recursos públicos. “Qual o critério de escolha dessas modalidades? A gente vê o Oscar dizendo da dificuldade, e todas essas empresas estatais não botam um real no basquete. Há milhões e milhões indo para um determinado esporte e, para os outros, nada”, lamentou.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apresentou estudos que mostram desvinculação entre os objetivos declarados para o patrocínio e as metas estratégicas das patrocinadoras, além de prorrogações irregulares de contratos. Para técnicos da corte, a atuação do governo federal não tem sido adequada para orientar os patrocínios de estatais.


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