Dieta mediterrânea em cheque: crianças da região têm mais sobrepeso

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de maio de 2018 às 14:02
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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Percentual de crianças acima do peso em países praticantes da alimentação ultrapassa 40%

Para as crianças de Grécia, Espanha e
Itália a chamada dieta mediterrânea pode não ter utilidade. O dado é da
Organização Mundial da Saúde (OMS), segundo a qual crianças da Suécia têm mais
probabilidade de se alimentar de peixe, óleo de oliva e tomates que as do Sul
da Europa.

No Chipre, um índice fenomenal de 43%
dos meninos e meninas de até 9 anos está obeso ou acima do peso. Grécia,
Espanha e Itália também têm taxas superiores a 40%. Os países mediterrâneos,
que dão nome à famosa dieta, supostamente os lugares onde melhor se come no
mundo, têm as crianças mais gordas de toda a Europa.

Os doces, a comida rica em calorias e
pobre em nutrientes e os refrigerantes substituíram a dieta tradicional rica em
frutas e legumes, peixe e azeite e oliva, declarou o Dr. João Breda, diretor do
gabinete europeu da OMS para prevenção e controle de doenças não comunicáveis. “A
dieta mediterrânea acabou para as crianças desta região”, declarou o médico no
Congresso europeu de Obesidade, em Viena. “Não existe mais dieta do
Mediterrâneo. Quem está na dieta do mediterrâneo são as crianças suecas.
Precisamos recuperar esta dieta para quem está no Mediterrâneo”.

As crianças no Sul da Europa estão
comendo poucas frutas e verduras e bebendo refrigerante demais, declarou Breda.
Elas fazem lanchinhos. Comem doces. Consumem sal, açúcar e gordura demais. E
não se movimentam. “O sedentarismo infantil é um dos problemas de saúde mais
significativos nos países do Sul da Europa”, ele disse. “Um homem em Creta nos
anos 60 consumiria bem 3.500 calorias porque anda para cima e para baixo das
montanhas.”

Os dados vêm de uma pesquisa sobre
obesidade infantil da OMS na Europa, com números de peso e altura de crianças
coletados desde 2008 e que hoje inclui mais de 40 países. Os mais recentes
foram coletados entre 2015 e 2017.

Os países com menor número de
obesidade infantil são o Tadjiquistão, o Turcomenistão e o Cazaquistão – mas
todos estes estão em uma “transição nutricional”, saindo de uma dieta oriental
que pode alterar as estatísticas. No Tadjuquistão, as crianças já consomem uma
grande quantidade de refrigerantes.

A França, a Noruega, a Irlanda, a
Letônia e a Dinamarca também têm números baixos, que vão de 5% a 9%. A taxa da
Irlanda é de 20%. O Reino Unido está fora do estudo, mas cerca de uma em cada
três crianças está acima do peso ou obesa quando deixa o ensino fundamental,
aos 11 anos.

A boa notícia é que os
países do Mediterrâneo estão tomando providências para resolver este problema e
conseguiram algum sucesso em diminuir as taxas de obesidade de suas crianças.
Pelo menos três quartos das crianças italianas estão comendo frutas diariamente
ou na maioria dos dias. “É um progresso, reconhecem o problema e estão
fazendo algo a respeito disso”, declarou Breda.


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