Descoberta da Unicamp pode acelerar tratamento da esquizofrenia

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de março de 2018 às 00:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:37
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Pesquisa do Departamento de Biologia aponta o melhor caminho entre os três medicamentos mais usados

Uma pesquisa do Instituto de
Biologia da Unicamp, em Campinas, descobriu uma assinatura molecular – por meio
de estudo dos lipídios (gordura) – capaz de predizer qual dos três medicamentos
mais usados no tratamento da esquizofrenia funcionará, acelerando o tratamento.
Os mais comuns são a Risperidona, a Olanpezina e Quetiapina.

Atualmente, os psiquiatras precisam de quatro a seis
semanas para descobrir a eficácia da droga escolhida entre estas três, o que
dificulta e prolonga o início do tratamento.

Segundo os pesquisadores do Laboratório de
Neuroproteômica da Unicamp, a literatura médica aponta ser de 50% as chances do
primeiro remédio escolhido no início não surtir efeito, fora o fato dos efeitos
colaterais muitas vezes desestimularem os pacientes.

A esquizofrenia é uma doença diagnosticada clinicamente
por um psiquiatra durante uma espécie de entrevista, ou seja, não existe um
teste ou exame sanguíneo capaz de identificá-la.

Determinar a droga correta para tratar a esquizofrenia
também colabora para evitar o agravamento da doença com os efeitos colaterais e
a ineficácia da medicação adotada, caso não seja a ideal.

O
estudo pode chegar aos pacientes em, ao menos, dois anos, após passar por
testes bioquímicos e regularização por parte das autoridades da saúde.

Tudo começou na Alemanha

A pesquisa da Unicamp para identificar qual das três principais drogas
usadas contra a esquizofrenia é mais eficaz durou cerca de oito anos e teve
início na Alemanha. No país europeu foi feita a coleta de sangue dos pacientes
recém-diagnosticados. Depois, todo o desenvolvimento foi feito na Universidade
Estadual de Campinas.

“Os pacientes tiveram a amostra coletada antes de a medicação
começar [diagnóstico] e seis semanas depois”, comenta o professor
Martins-de-Souza.

Na
sequência desta etapa, os psiquiatras reavaliaram os pacientes e, por meio do
estudo dos lipídios, os pesquisadores conseguiram encontrar as assinaturas
moleculares que indicam o melhor caminho entre as três principais drogas usadas
na Alemanha e em boa parte do Brasil.

Patente

O grupo de pesquisadores da Unicamp, formado pelo pesquisador
Daniel Martins-de-Souza, doutor Adriano Aquino, doutor Guilherme Alexandrino e
pela aluna de doutorando Sheila Garcia, patentearam a pesquisa e o estudo deve
ser publicado em revista especializada em breve.

O
próximo passo da pesquisa e usar essa assinatura molecular em um ensaio
bioquímico para levar a descoberta no tratamento dos pacientes. O terceiro
passo, segundo o grupo, é tentar desenvolver novos medicamentos com base na
assinatura molecular.


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