Criança vegetariana precisa de cuidados extras, diz nutricionista

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de setembro de 2018 às 21:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:00
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Segundo o Conselho Federal de Nutrição uma dieta sem carne poderia ser assumida em qualquer fase da vid

Muito se fala sobre
dietas vegetarianas e veganas. Quando se foca na alimentação infantil, várias
dúvidas surgem, afinal, é saudável que os pequenos não comam carne? Quais
cuidado são necessários nesses casos? Apesar das polêmicas sobre o assunto,
Karine Durães, nutricionista especializada em Pediatria pelo Instituto da
Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo, garante que o vegetarianismo pode, sim, ser adotado pelos infantes.
Tem outras dúvidas?

As crianças correm algum risco por
não comerem carne?

Não, segundo o Conselho Federal
de Nutrição uma dieta sem carne poderia ser assumida em qualquer fase da vida,
inclusive pelos pequenos. É muito comum crianças vegetarianas adquirirem esse
hábito dos pais. Se os nutrientes forem repostos da maneira correta, não há
problema nenhum.

Crianças
vegetarianas precisam de um acompanhamento específico de pediatra e
nutricionista?

Todas as crianças, mesmo as que
comem carne, precisam de um acompanhamento, tanto de um pediatra quanto de um
nutricionista, pois uma dieta desequilibrada vai trazer déficits nutricionais.
O que existe em muitos casos é que crianças vegetarianas vão precisar fazer uma
suplementação, o que torna o acompanhamento ainda mais importante.

Existe
uma dieta adequada para crianças?

Em primeiro lugar a alimentação
infantil deveria ter uma boa base de vegetais, para aumentar o consumo de
fitoquímicos e fibras. Também é muito indicado o consumo de frutas, cereais e
leguminosas (como feijão, lentilha e grão de bico). O interessante é a dieta
que seja balanceada, com menos ultraprocessados e mais alimentos de ‘verdade’.
Uma alimentação adequada é variada, pode ter carne ou não, depende muito da
cultura familiar.

Qual
a importância da cultura da família nesse sentido?

O comer não passa só pelos
nutrientes consumidos, mas também pelo o que se acredita em relação ao
alimento, o porque se está comendo, como se está comendo e se esse alimento é
ingerido com prazer. A parte psicológica envolvida na escolha do alimento é tão
importante quanto a nutricional. Uma dieta saudável para uma criança é aquela
rica em nutrientes mas também que ela se sinta feliz e segura comendo.

A
carne contém proteína, niacina, vitamina B6, vitamina B12, fósforo, zinco e
ferro, entre outros componentes. Como repor esses nutrientes?

Uma criança que consome
castanhas, iogurte, folhas verdes escuras, hortaliças e leguminosas vai
conseguir repor a maior parte das vitaminas do complexo B. A única vitamina
desse complexo que não é encontrada em alimentos de origem vegetal é a B12, que
pode ser reposta a partir de compostos em gotas manipulados em farmácias.

Que
alimentos podem substituir o Zinco?

O zinco é fundamental para o
desenvolvimento das crianças e também para uma boa imunidade. Uma das maiores
fontes de zinco vegetal é a semente de abóbora. Esse nutriente também está
presente na aveia, em leguminosas, derivados de soja, sementes, alguns vegetais
integrais como centeio, e até na pipoca tem um pouco de zinco.

Como
repor o ferro? E as proteínas?

Os alimentos fontes de ferro
são as leguminosas (feijão, lentilha, soja, grão de bico), algumas frutas secas
e castanhas, assim como a quinoa. Já os aminoácidos, que são os pedacinhos
pequenos da proteína, podem ser encontrados no arroz, no feijão, na soja, nas
castanhas, nos cogumelos e nas sementes.

E ao
contrário? Existe algum problema no consumo exagerado de carne?

O que pode acontecer é uma
sobrecarga renal. Além disso, quando se ingere muita carne geralmente se deixa
de ter espaço para comer mais vegetais, e o estímulo ao consumo de vegetais de
maneiras diferentes e lúdicas é sempre importante. Nós não deveríamos só
problematizar o não consumo de leite ou de carne na dieta das crianças, mas
também a falta de vegetais, que é muito comum em nossa cultura.


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