Contrair sarampo durante a gravidez pode causar cegueira ao feto

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de outubro de 2018 às 19:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:04
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Doença pode causar catarata congênita, que responde por 4 em cada 10 casos de cegueira na infância

A OMS (Organização
Mundial da Saúde) coloca o Brasil entre os países com menor orçamento para a
saúde. Pior, depois de eliminar em 2016 o morbillivirus que transmite sarampo,
o país viveu há poucos meses o risco de um novo surto da doença.

“As piores sequelas da doença acontecem na
visão de crianças, especialmente quando o vírus é transmitido ao feto durante a
gravidez, através da placenta”, alerta o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do
Instituto Penido Burnier.

Isso porque o bebê nasce com catarata
congênita, doença que responde por 4 em cada 10 casos de perda da visão na
infância.

Por isso, ressalta, mulheres em idade
fértil que nunca tiveram sarampo ou que não sabem se foram imunizadas nos
primeiros anos de vida e adultos que não tomaram a vacina devem procurar pela
imunização e tomar as duas doses de vacina no intervalo de um mês.

Quem já passou dos 50 anos não
precisa ser vacinado porque a maioria das pessoas nesta faixa etária já teve
sarampo e por isso é imune à doença.

Sequelas da catarata congênita

O médico explica que entre crianças
ou idosos as características da catarata são idênticas: o cristalino do olho
fica opaco e impede que as imagens cheguem à retina, levando à cegueira se não
for tratada.

A diferença é que no caso da catarata
congênita a visão está em desenvolvimento. Por isso a falta de diagnóstico logo
no início da vida pode acarretar outras doenças. Uma delas é a ambliopia ou
olho preguiçoso que acontece quando só um olho é atingido pela catarata. “O
esforço visual para enxergar com o olho de melhor visão anula o desenvolvimento
do outro”, afirma.

Outras sequelas oculares que podem
estar associadas à catarata congênita são: nistagmo (movimentos não coordenados
dos olhos), estrabismo (desalinhamento dos olhos), fotofobia (aversão à luz) e
dificuldade de fixação dos olhos.

Diagnóstico

Queiroz Neto afirma que o diagnóstico
da catarata congênita é feito através de um exame barato e indolor. Trata-se do
teste do olhinho, que deve ser realizado logo que o bebê nasce e está em vias
de se tornar obrigatório em todo o país. É feito com um oftalmoscópio, espécie
de lanterna com a qual o médico joga luz sobre o olho do bebê. Quando a luz
emite um reflexo vermelho contínuo significa que o olho é saudável. Se o
reflexo for descontínuo ou não for emitido indica catarata congênita.

Tratamento

O oftalmologista diz que a cirurgia
com implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco também é
indicada no tratamento da catarata infantil. O procedimento, comenta, deve ser
só feito quando o bebê completa três meses. Isso porque, proporciona melhor
recuperação da função visual e pode induzir ao glaucoma se for realizado antes.

Ele destaca que o comprometimento dos
pais é essencial para que a criança tenha boa visão. Isso porque, é necessário
estimular o desenvolvimento da visão e ter acompanhamento com um oftalmologista
a cada 3 meses após a cirurgia.

Lesão na córnea

“O sarampo contraído antes de tomar a
primeira dose da vacina pode causar lesões na córnea e em alguns casos requer
transplante para garantir a recuperação da visão”, alerta. A dica do médico
para evitar sequelas mais graves nos bebês é manter atenção sobre os sintomas
típicos do sarampo: manchas brancas na mucosa da boca, febre, tosse, coriza,
febre alta e manchas vermelhas no rosto, atrás da orelha e depois no tronco.
Bebês com estes sintomas devem ter acompanhamento de um oftalmologista,
salienta.

Prevenção entre gestantes

O único remédio para sarampo é a
vacina. As dicas do oftalmologista para gestantes se protegerem da doença
durante a gravides são:

– Lavar as mãos com frequência com
água e sabão, ou então utilizar álcool em gel;

– Não compartilhar copos, talheres e
alimentos;

– Procurar não levar as mãos à boca
ou aos olhos;

– Sempre que possível evitar
aglomerações ou locais pouco arejados

– Manter os ambientes frequentados,
sempre limpos e ventilados

– Evitar contato próximo com pessoas
doentes

– Proteger a boca e o nariz quando
espirrar ou tossir.


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