Consumo diário de bebidas alcóolicas pode tirar até cinco anos de vida

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 25 de abril de 2018 às 12:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:41
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Pesquisa aponta que consumir bebida alcóolica diariamente pode encurtar expectativa de vida

Os adeptos ao happy hour ficarão
decepcionados: segundo nova pesquisa, consumir bebida alcoólica diariamente
pode encurtar a expectativa de vida. O estudo, realizado pela Universidade de
Cambridge, na Inglaterra, descobriu que beber mais de 100 gramas de álcool por
semana – cerca de seis ou sete copos  – aumenta o risco de morte por
diversas causas.

Antes que você comece a questionar os resultados,
saiba que não foi apenas um estudo, mas cerca de 83 deles, realizados em 19
países.

Beba menos, viva mais

Os pesquisadores exploraram as ligações entre o
consumo de álcool e o risco de diferentes tipos de doenças cardiovasculares. As
pessoas que bebiam mais apresentaram maior taxa de risco de sofrer acidente
vascular cerebral (14%), insuficiência cardíaca (9%), doença hipertensiva (24%)
e aneurisma aórtico – consequência de inchaço em artérias ou veias – (15%).
Foram analisados os hábitos de consumo de quase 600 mil pessoas; 50% delas
relataram beber mais de 100 gramas de álcool por semana. Para que o resultado
fosse o mais preciso possível, também foram avaliados dados sobre idade, sexo,
risco de diabetes, uso de cigarro e outros fatores relacionados a doenças
cardiovasculares.

Os cientistas chegaram à conclusão de que beber de
100 a 200 gramas de álcool por semana encurta o tempo de vida de uma pessoa de
40 anos em seis meses. Pessoas da mesma faixa etária que ingerem de 200 a 350
gramas por semana podem perder um ou dois anos de vida, e quem ultrapassa as
350 gramas semanais reduz em quatro ou cinco anos a expectativa de vida.

Apesar da informação alarmante, níveis mais elevados
de álcool já foram associados a um menor risco de ataque cardíaco ou infarto do
miocárdio. No entanto, esse benefício foi descartado pelo risco maior de outras
formas da doença, como explica a líder da pesquisa. “O consumo de álcool está
associado a um risco ligeiramente menor de ataques cardíacos não fatais, mas
isso deve ser equilibrado com o maior risco associado a outras doenças
cardiovasculares graves – e potencialmente fatais”,  disse em comunicado.

Os autores ainda sugerem que o risco variável de
diferentes formas de doença cardiovascular pode estar relacionado ao impacto do
álcool sobre a pressão sanguínea e outros fatores ligados aos níveis de HDL,
mais conhecido como bom colesterol. Para Dan G. Blazer, co-autor do
estudo, os resultados mostram que o consumo de álcool em níveis considerados
“seguros” estão, na verdade, ligados a menor expectativa de vida e diversos
prejuízos à saúde.

Outro ponto apontado por cientistas que investigam o
assunto é a necessidade de definir diretrizes de consumo de bebidas alcoólicas,
especialmente entre os baby boomers
– pessoas entre 50 e 70 anos -, faixa etária em maior risco de abuso de
álcool. “O risco à saúde associado ao consumo de álcool pode variar entre
países dependendo de outras condições, como por exemplo, taxas de tabagismo,
obesidade ou a prevalência de outras doenças. Por isso, é preciso definir
diretrizes de consumo específicas para cada país”, comentou Pietra Meier,
professora de saúde pública da Universidade de Sheffield, no Reino Unido.

Também da Universidade de Sheffield, Tim Chico,
professor de medicina cardiovascular e cardiologista, disse que é difícil
estimar com precisão os riscos do álcool para a saúde, mas grandeza do estudo
tornam as conclusões confiáveis e aplicáveis aos países ao redor do
mundo. “Este estudo deixa claro que, no geral, não há benefícios para a
saúde pelo consumo de álcool. O papel dos médicos e cientistas é explicar as
evidências da forma mais clara possível, a fim de permitir que as pessoas tomem
suas próprias decisões com as informações que têm”, ressaltou.


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