​Consórcio que fabrica o ENEM mudou

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  • Publicado em 5 de julho de 2017 às 09:52
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:20
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SERÁ O FIM DA PICARETAGEM E DAS FÓRMULAS “MILAGROSAS” DAS REDAÇÕES

O consórcio responsável pela elaboração e correção das provas do ENEM mudou. Agora serão a FGV, a CESGRANRIO e a VUNESP. O próprio perfil da prova mudará obviamente e os critérios para a correção das redações também. A professora Maria Inês Fini já sinalizou que pretende fazer esse exame voltar às suas origens, ou seja, ser apenas um instrumento para aferir a quantas anda o Ensino Médio no país e deixar de ser a porta de entrada para o ingresso do aluno em uma universidade pública. Como será feito, ainda não foi divulgado. Aguardemos os próximos capítulos.

Algumas coisas já começam a mudar. Não haverá mais divulgação do ranking das escolas. É necessário acabar com as chamadas escolas “Frankenstein”, aquelas que possuem dois CNPJ no mesmo endereço. Essa foi a forma encontrada por muitas delas para burlar a vigilância do MEC: um CNPJ serve para identificar a que forma uma turma especial para aparecer em primeiro lugar nas estatísticas, quando da divulgação das notas do exame; a outra serve para o “dia-a-dia”. Um CNPJ aparece em 1º lugar; o outro em 568º, por exemplo. Para que isso? Lógico, a propaganda é a alma do negócio ou será que o negócio é a alma da propaganda?

Em várias regiões do país, os veículos de comunicação denunciaram a fraude. Na região, que compreende Franca e Ribeirão Preto, o fato já foi amplamente denunciado, investigado e noticiado. Com a prova de redação, acontece algo semelhante.

O Brasil é um país sui generis. Professores criam dificuldades, para vender facilidades e, com isso, enriquecer destruindo a consciência crítica dos jovens imediatistas que creem que entrar em uma faculdade é mais fácil do que sair. De repente, o céu se abre e alunos que nunca leram um livro, um jornal, uma revista, um blog ficam aptos a escrever o melhor texto de suas vidas. Os pais, não acostumados ao vestibular, “acham lindo” ver o filho escrevendo como nunca. As escolas e professores profissionais envolvidas no processo não acham graça nenhuma, ao contrário, apontam a desonestidade.

 Abaixo está um dos “modelinhos” apontados em reportagem do GUIA DO ESTUDANTE.

Em entrevista, a professora Maria Inês Fini prometeu tomar providências cabais contra esse tipo de prática. Muitas escolas já zeram alunos por essa prática ou lhes dão notas baíssimas. Muitas faculdades já o fazem. Como será feito, o MEC ainda não divulgou, no entanto cruzar informações não é nada complicado, depois que os “esqueminhas” já foram divulgados.

Trata-se de um “método (?)” que não exige quase nenhum esforço do professor irresponsável. Será que quem se aproveita do momento de fragilidade emocional não se preocupa com o investimento que o aluno faz em si mesmo? Ou ele não passa de mais um na estatística das aprovações.

Assim que alguns textos plagiados caíram nas redes sociais, alunos prejudicados por essa prática espúria identificaram a fraude e protestaram contra ela.

O subdesenvolvimento do Brasil começa nas questões que envolvem raciocínio e ética. Numa competição acirrada, como é a do vestibular, fica mais fácil dar um “jeitinho” do que se preparar de verdade. Como exigir acabar com a corrupção, abraçando a corrupção?

O aluno desesperado que busca esse “método” só olha para frente e lá vê os amigos que passaram supostamente por causa dele, não se preocupam em olhar os que foram reprovados justamente por causa dele.


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