Conheça cinco fatores que fazem você engordar sem saber o motivo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 30 de abril de 2018 às 21:21
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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Luta contra a obesidade não é apenas questão de força de vontade, como mostram pesquisas médicas recentes

Muita gente acredita que a
luta contra a obesidade é apenas uma questão de força de vontade para manter
uma dieta, mas as pesquisas médicas mais recentes sugerem o contrário.

O documentário “The Truth About Obesity”
(“A Verdade Sobre a Obesidade”, em tradução livre), elenca cinco
fatores que podem estar afetando o seu peso sem que você saiba. 

1- Seu microbioma

O corpo humano é repleto de micro-organismos – há mais
células de bactérias, fungos e vírus presentes em nosso organismo do que
células humanas. Em número, os micro-organismos são 57% das células no corpo
humano, embora as células humanas sejam maiores e representem mais massa e
volume.

O
entendimento científico dominante hoje é que esses micro-organismos – o chamado
microbioma – têm um papel enorme em diversos fatores na nossa vida e na nossa
saúde, incluindo o peso.

Afinal,
a maior parte desses organismos estão no nosso sistema digestivo.

Um
exemplo são as gêmeas Gillian e Jackie: são muito parecidas, mas uma tem 41
quilos a mais do que a outra.

O epidemiologista Tim Spector ,
do King’s College, em Londres, acompanhou a saúde das duas durante 25 anos como
parte do projeto de pesquisa Twin Research UK, que registra gêmeos no Reino
Unido. Ele diz que a diferença de peso entre as irmãs se deve às diferenças em
suas faunas microbianas.

Uma
análise das fezes das gêmeas mostra que Gillian, a mais magra das duas, tem uma
gama muito mais diversa de micróbios, enquanto Jackie tem poucas espécies de
microorganismos vivendo em seu intestino.

Um
estudo feito por Spector com 5 mil pessoas mostra resultados similares.

Diversos
fatores afetam a diversidade dos micro-organismos no corpo humano – do tipo de
parto aos antibióticos usados durante a vida.

Parte
dos microorganismos são herdados da mãe, durante o parto normal. Outros são
adquiridos no ambiente. Mas a maior parte vem – e se prolifera – pela
alimentação.

Uma dieta rica em fibras, por
exemplo, ajuda o microbioma intestinal a se desenvolver de maneira saudável. 

2- A loteria dos genes

Porque algumas pessoas seguem dietas rigorosas e fazem
exercício regularmente e mesmo assim sofrem para conseguir perder peso,
enquanto outras se alimentam mal e são sedentárias, mas continuam magras?

Pesquisadores da Universidade
de Cambridge dizem que os genes que herdamos têm uma influência de 40% a 70%
sobre nosso peso. “É uma loteria”, diz a médica Sadaf Farooqi,
pesquisadora da Universidade de Cambridge.

Certos genes afetam o apetite
– da quantidade de comida que se tem vontade de comer ao tipo de alimento que
alguém pode preferir. Outros afetam a forma que queimamos calorias e se nossos
corpos administrarão a quantidade de gordura de maneira eficiente.

Há pelo
menos 100 genes que podem afetar o peso, incluindo um chamado MC4R. Acredita-se
que uma em cada mil pessoal tenha uma mutação no MC4R, que afeta a fome e o
apetite. As pessoas com essa mutação tendem a ter mais fome e comer comida mais
gordurosa. “Realmente não há nada que se possa fazer em relação aos genes.
Mas, para algumas pessoas, saber que os genes as predispõem a engordar pode
ajudar a lidar com a questão da dieta e dos exercícios”, explica a
pesquisadora. 

3- A rotina

Há um fundo de verdade no velho ditado: “tome café da
manhã como um rei, almoce como um lorde e jante como um mendigo”.

O
médico James Brown, especialista em obesidade, diz que quanto mais tarde
comemos, maior a probabilidade de que ganhemos peso. Não porque estamos menos
ativos à noite, como muitos acreditam, mas por causa de nosso relógio
biológico.

Durante a noite, nosso corpo
tem mais dificuldade de digerir gorduras e açúcares.

Na
última década, a hora do jantar no Reino Unido, na média, passou das 17h para
as 20h – e isso contribuiu para o aumento nos níveis de obesidade do país,
segundo Brown. 

4- O efeito visual

O pesquisador britânico Hugo Harper, que pesquisa
comportamento, diz que existem formas de mudar o comportamento alimentar inconsciente
em vez de apenas contar calorias.

Uma
estratégia, diz o especialista, é eliminar as tentações visuais. Isso pode ser
mais efetivo do que confiar na nossa força de vontade consciente.

Portanto é recomendável
simplesmente não ter alimentos pouco saudáveis em casa, no ambiente de trabalho
ou na bolsa.

É melhor
ter sempre uma fruta ou algo leve por perto, caso tenha fome do caminho para
casa ou no trabalho. Na cozinha, deixar os alimentos saudáveis à vista também
aumenta as chances de você consumi-los.

Segundo
Harper, temos uma tendência de comer sem pensar. Então uma boa ideia é tentar
evitar ao máximo o hábito de comer coisas pouco saudáveis
“automaticamente” – escondendo comidas gordurosas ou muito doces ou
mesmo diminuindo o tamanho do prato. 

5- Os hormônios

Nosso apetite é controlado por hormônios, cuja produção pode
ser afetada por diversos fatores.

Alguns
dos tratamentos para níveis extremos de obesidade funcionam também por
controlar os hormônios.

O
resultado da cirurgia bariátrica, por exemplo, não se deve apenas à redução do
estômago do paciente, mas também ao efeito que ela provoca na produção de
hormônios.

A
cirurgia bariátrica faz com que os hormônios da saciedade sejam produzidos em
maior quantidade e reduz a produção dos hormônios que causam fome.

No
entanto é uma operação arriscada, usada apenas em casos graves de obesidade.

Pesquisadores
do Imperial College, em Londres, conseguiram recriar os hormônios que provocam
a mudança do apetite após cirurgias do tipo com o objetivo de fazer um estudo
clínico sobre isso.

A
pesquisa envolve dar aos pacientes, com uma injeção, uma mistura de três
hormônios. Eles são utilizados todos os dias, durante quatro semanas.

Ainda
é preciso fazer mais testes para comprovar que o tratamento é seguro. Se for o
caso, o plano é tratar os pacientes até que alcancem um peso saudável.


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