Comportamento: Mulheres são as que mais pedem divórcio no Brasil hoje

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  • Publicado em 7 de abril de 2020 às 12:04
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:34
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Dados disponíveis mostram que elas fizeram essa solicitação mais de 13 mil vezes no último ano

O
sonho do “viveram felizes para sempre” esteve muito associado às
mulheres ao longo do tempo, mas a realidade mostra uma outra história: são elas
quem mais entram com o pedido de divórcio na Justiça. 

Segundo o IBGE, a
diferença é grande. Os últimos dados disponíveis mostram que elas fizeram essa
solicitação mais de 13 mil vezes no último ano, enquanto eles foram
responsáveis por pouco mais de 5 mil pedidos. 

Nos Estados Unidos, a situação é
igual: pesquisa da Stanford University aponta que as mulheres dão início a 69%
dos pedidos de divórcio, contra 31% dos homens.

Para
a advogada especializada em Direito Humanizado nas áreas de Família e
Sucessões, Debora Ghelman, os números, na verdade, refletem a evolução na
conquista de direitos da mulher. 

“Não existe mais aquele estigma de
antigamente, da mulher desquitada. As leis foram evoluindo muito. Antigamente,
era necessária a prova de culpa, como por exemplo uma traição, e só podia
divorciar uma vez na vida. A mulher tinha menos controle sobre si e, com o
tempo, as coisas foram mudando e elas passaram a ter mais atitude nesse
momento”, comenta.

A
facilidade para entrar com o pedido também se tornou um grande encorajador,
aponta a especialista. 

“Acredito que há uma série de motivos para esse
fenômeno, inclusive o fato de que atualmente não é necessária a prévia
separação de um a dois anos para entrar com o pedido de divórcio, prazo exigido
antigamente. Agora, em casos sem filhos menores e consensuais, basta ir no
cartório”, comenta.

Algumas
pesquisas também indicam que uma possível razão para as mulheres estarem mais
infelizes nos casamentos é que a instituição ainda privilegia os homens. 

A
mulher continua assumindo mais funções do que eles dentro casamento, sendo
responsáveis não só pelo seu trabalho, mas também pela parte doméstica, dos
filhos e até do marido. 

“Ainda é comum a gente ouvir esses relatos,
inclusive de ‘ter que cuidar do cônjuge’. Então, é natural que ela fique mais
sobrecarregada, o que não contribui para o casamento, claro”, diz Debora.

Outro
fato que contribui para os casais que têm filhos é também a mudança de
parâmetro na Justiça, que determina a guarda compartilhada como princípio.
“Antes, automaticamente a mulher ficava com os filhos, o que também era
uma forma de sobrecarregá-la”, afirma.

No
Brasil, de acordo com dados do IBGE, o número de divórcios cresceu mais de 160%
na última década. 

Segundo os estudos, que datam de 2014, foram homologados
341,1 mil divórcios, um salto significativo em relação a 2004, quando foram
registrados 130,5 mil divórcios.

Plano de divórcio é importante

O
tempo entre a decisão de se separar e o pedido do divórcio costuma ser de um
ano em meio, afirma a advogada. 

Com isso em mente, Debora recomenda que as
mulheres que estão pensando na separação devem elaborar um plano para que o
momento seja o mais rápido e indolor possível.

“O
divórcio já é um grande desgaste emocional. Ainda mais se há disputa de guarda.
Então, eu sempre sugiro que a pessoa, quando toma essa decisão, busque
primeiramente um advogado para ouvir seus anseios e vontades antes de comunicar
ao cônjuge. Dessa forma, o desgaste tende a ser menos traumático, fazendo com
que todos possam seguir com a sua vida. Afinal, casamento tem de ser fonte de
felicidade e não de tristeza e frustração”, finaliza.