Como está a música “EM CASA”

  • Fofocas Musicais
  • Publicado em 16 de abril de 2020 às 15:02
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:23
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‘”Fica em Casa” – dá pra ouvir música?

Fico imaginando uma casa com várias pessoas de várias idades, disputando o espaço para ouvirem música…

A vovó está ali querendo ouvir seus boleros, mas isso não é mais possível para ela,pois cede o espaço para aqueles que têm o domínio da tecnologia.

Onde estaria o aparelho de som onde se toca um disco de vinil?

Não há mais.

Ah! Mas se pode ouvir pelo celular qualquer música hoje em dia.

Chega o jovem que gosta de rock, com seu fone de ouvido e se tranca em seu quarto com seu som predileto e fica ali ouvindo sua música predileta.

A mãe que está na cozinha, pedindo ajuda de todos para que cada um contribua com algo que ela necessite, e coloca seu celular em cima da mesa da cozinha ouvindo uma música relaxante para que ela consiga se acalmar neste isolamento.

O pai preocupado com os rendimentos e seu trabalho online, tenta conversar com pessoas e mais pessoas pelo Facebook, pelo Whatsapp, tentando entender como ficará a Economia do paíse se depara com vídeos, “lives”, de músicos. Neste instante ele vê, por exemplo,Andrea Bocelli sozinho cantando na igreja em Milão. Quer compartilhar com a família aquilo que lhe tocou profundamente, imagens lindas e um homem solitário cantando neste momento de Páscoa.

Chega na cozinha, ouve o barulho da panela de pressão, as outras panelas necessitando de vigia constante para não queimarem, ele então se dirige ao filho adolescente trancado no quarto ouvindo seu rock e vai mostrar a ele o vídeo emocionanteque acabara de ver e ouvir, mas o rapaz não está naquela sintonia.Chama seus filhos menores que estavam no quintal jogando bola e com um aparelho de som sintonizado numa rádio qualquer e ele então se afasta e não quer interromper o momento deles.

Vai até à sua mãe, a vovó que não ouvia muito bem, adorava boleros, e mostra para ela o vídeo que o impressionou tanto pelas imagens, pela solidão do cantor, como pela sua voz e beleza de repertório.

Neste instante ele consegue a atenção de alguém. Ela não ouve muito bem, a catarata não a deixa enxergar perfeitamente as imagens, mas se coloca de coração a coração com o filho para ouvir e ver aquele vídeo de Andrea Bocelli.

Então, vou contar como ouvíamos música em casa. Tinha dia e hora. Aos Domingos, meu pai abria as portinhas da rack onde ficava a TV e o aparelho de som, retirava os discos de vinil, especialmente de Earl Grant e deixava aquele som ecoar na casa toda para todos. Neste instante ele comentava as sensações queaquela música lhe trazia e nos perguntava: você sente isso também ? O que sente quando ouve este som? Parece o mar? Parece pássaros? Consegue ir para um lugar bonito quando escuta esta música?

E eu tentava entrar naquela brincadeira séria que ele propunha para nós. Muitas vezes sentia várias sensações maravilhosas, e acredito que a partir deste momento a música se instalou em meu coração para nunca mais sair.

Minha mãe então, contava que na casa do avô dela tinha um piano, onde as pessoas da cidade se reuniam para ouvir o som do piano tocado por um exímio pianista, com um ouvido extremamente aguçado e atendia aos pedidos das valsas, boleros e outras músicas. Os olhos dela brilhavam quando contava estas histórias, de prazer, de saudade, de encantamento pela música que era o motivo das reuniões com amigos na casa de seu avô.

Viemos perdendo esta capacidade de OUVIR, apesar de termos hoje toda a tecnologia ao nosso dispor.

Tenho CDs e DVDs que às vezes sugiro aos meus alunos para ouvirem e verem algum documentário, infelizmente ouço o seguinte: em casa só tem como ouvir se for num pendrive ou então pelo celular.

O progresso tecnológico trouxe inúmeras vantagens, mas também trouxe a escassez.Digo escassez porque antigamente, procurávamos ter um bom aparelho de som para reproduzir um vinil ou um CD de forma que valorizasse a música. Hoje em dia, só se encontra isso num estúdio de música ou em casas onde alguém priorize este ouvir.

Eu mesma, até ano passado não tinha em casa um aparelho de som adequado, onde eu pudesse ouvir fitas cassete, vinil, CD, pendrive, etc. Fiz um investimento alto para que eu pudesse oferecer em minhas aulas de piano esta escuta musical na alfabetização, com playbacks por exemplo.

Mas o que gostaria de deixar hoje como reflexão é:

– QUE TAL NOS SENTARMOS PARA OUVIR MÚSICA?

– QUE TAL APROVEITAR A QUARENTENA PARA TODOS JUNTOS OUVIREM A MESMA MÚSICA E DIZER ÀS PESSOAS QUERIDAS DA FAMÍLIA O QUE AQUELA MÚSICA PROVOCA EM SUAS EMOÇÕES?

– QUE TAL DEIXAR CADA UM FALAR?

– QUE TAL OUVIR O BOLERO DA VOVÓ, A MÚSICA CLÁSSICA DA TITIA, O ROCK DO ADOLESCENTE, O VÍDEO DO ANDREA BOCELLI, e todos juntos, mas todos juntos como se estivessem num jogo, participarem das sensações daquela música em especial?

Imagine a riqueza de trocas…

Ouçam músicas! EM FAMÍLIA!

Se estiver sozinho como eu, ouça música também. Vou aproveitar a quarentena e ouvir discos de vinil, se eu conseguir tirá-los do alto de uma estante nos fundos da casa. A falta de espaço nos faz eliminar muitas coisas interessantes dos nossos ângulos de visão.

Vou tentar mudar nisso!

Convido-os a participarem comigo desta maratona: ouvir música e descobrir o que ela provoca em minhas emoções…

Boa semana a todos!

Estou no 31º. Dia de isolamento e trabalhando triplicado. Mas arrumarei um tempo para minha alma.

Convido-te a fazer isso pela sua!

Música ajuda a frear Alzheimer:

https://exame.abril.com.br/ciencia/musica-ajuda-a-prevenir-e-frear-alzheimer-diz-estudo/


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