Comércio e indústria cobram juros mais baixos para consumidor final

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de agosto de 2018 às 23:15
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:54
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Abit, Fiesp e Fecomércio destacam que, mesmo com Selic baixa, queda não é percebida no custo de empréstimos

Entidades
empresariais criticaram na última quarta-feira, 1º de agosto, a demora para os
juros baixos chegarem ao consumidor final.

A Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) destacou que, mesmo taxa básica de
juros estando em níveis historicamente
baixos, a queda ainda não foi plenamente percebida nos custos dos
empréstimos.  “São cruciais, portanto, medidas que reduzam o elevado custo
do crédito, refletido nos elevados spreads bancários, que há várias décadas é um dos mais
altos do mundo. Para reduzir o alto custo do crédito, é necessário adotar
medidas que combatam de fato a baixa concorrência no sistema bancário
brasileiro”, diz, em nota, a Fiesp.

Spread é a diferença entre
o que os bancos pagam na captação de recursos e o que eles cobram ao conceder
um empréstimo

Para a Fiesp,
reformas que equacionem o desequilíbrio fiscal são cruciais “para que a taxa (básica
de juros) Selic recue de forma consistente para níveis condizentes com os
padrões internacionais”.

Na última quarta-feira, pela terceira vez seguida, o Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve os juros básicos da
economia, atualmente em 6,5% ao ano. 

Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit)
salientou que os juros reais brasileiros ainda estão muito altos, se comparados
à média internacional, afetando a competitividade do país. “A questão
primordial, porém, é que a queda da taxa básica de juros não chegou na mesma
proporção às operações de crédito para pessoas físicas e jurídicas, pois os spreads bancários
continuam muito elevados, apesar da leve trajetória descendente atual”,
destacou a entidade.

De acordo com a Abit, estima-se que famílias, empresas e
governos deverão pagar, neste ano, cerca de R$ 800 bilhões em juros, “o que
caracteriza uma transferência brutal de renda, que tira dinheiro dos
setores produtivos e do consumo, mitigando o crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país)”.

A Associação Brasileira da Indústria Gráfica cobrou ações do
Banco Central para que a taxa de juros real seja reduzida a patamares
compatíveis com a Selic.

De acordo com a
entidade, os bancos praticam taxas de crédito muito altas, e isso impede novos
investimentos para aumentar a competitividade e elimina a chance das empresas
renegociarem suas dívidas.“Todo o mercado bate na mesma tecla, e o BC (Banco
Central) não age. Adotar o Cadastro Positivo, atrair bancos estrangeiros para
operar no país e incentivar o crédito via internet são apenas algumas das
ferramentas que o governo dispõe para ajudar o setor produtivo a crescer”,
destacou em nota.

A Federação do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
ressaltou que a decisão de não alterar a Selic foi a mais acertada diante do
cenário atual. “Apesar de a inflação estar dentro da meta, o câmbio está
pressionado, e as incertezas tornam os mercados mais cautelosos. Manter a taxa
de juros no atual índice foi a medida adotada para reduzir riscos.”

Para a FecomercioSP, um novo ciclo de redução da Selic só poderá
ocorrer em um próximo governo, desde que este “se comprometa com reformas
estruturais para que o Brasil se torne atraente e seguro para os investidores”.


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