Com baixa cobertura vacinal, doenças podem voltar a ameaçar o Brasil

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 10 de julho de 2018 às 16:22
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:51
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Desde 2016, com a queda na imunização, doenças antes erradicadas voltaram a preocupar

Os primeiros sinais de queda nas coberturas vacinais
em todo o país começaram a aparecer ainda em 2016. De lá para cá, doenças já
erradicadas voltaram a ser motivo de preocupação entre autoridades sanitárias e
profissionais de saúde.

Amazonas, Roraima, Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio
de Janeiro são alguns dos estados que já confirmaram casos de sarampo este ano.
Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) o
certificado de eliminação da circulação do vírus.

Dados do Ministério da Saúde mostram que a aplicação
de todas as vacinas do calendário adulto está abaixo da meta no Brasil –
incluindo a dose que protege contra o sarampo.

Entre as
crianças, a situação não é muito diferente – em 2017, apenas a BCG, que protege
contra a tuberculose e é aplicada ainda na maternidade, atingia a meta de 90%
de imunização. Em 312 municípios, menos de 50% das crianças foram vacinadas
contra a poliomielite. Apesar de erradicada no país desde 1990, a doença ainda
é endêmica em três países – Nigéria, Afeganistão e Paquistão.

O grupo de doenças pode voltar a
circular no Brasil caso a cobertura vacinal, sobretudo entre crianças, não
aumente. O alerta é da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), que defende
uma taxa de imunização de 95% do público-alvo. O próprio Ministério da Saúde,
por meio de comunicado, destacou que as baixas coberturas vacinais
identificadas em todo o país acendem o que chamou de “luz vermelha”.

Confira as principais doenças que
ensaiam um retorno ao Brasil caso as taxas de vacinação não sejam ampliadas.

Sarampo

O sarampo é uma doença infecciosa
aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa.
Complicações infecciosas contribuem para a gravidade do quadro, particularmente
em crianças desnutridas e menores de um 1 ano de idade.

Os sintomas incluem febre alta acima
de 38,5°C; erupções na pele; tosse; coriza; conjuntivite; e manchas brancas que
aparecem na mucosa bucal, conhecidas como sinais de Koplik e que antecedem de
um a dois dias antes do aparecimento da erupção cutânea.

A transmissão do sarampo acontece de
quatro a seis dias antes e até quatro dias após o aparecimento do exantema
(erupção cutânea). O período de maior transmissibilidade ocorre dois dias antes
e dois dias após o início da erupção cutânea.

Poliomielite

Causada por um vírus que vive no
intestino, o poliovírus, a poliomielite geralmente atinge crianças com menos de
4 anos de idade, mas também pode contaminar adultos.

A maior parte das infecções apresenta
poucos sintomas e há semelhanças com as infecções respiratórias como febre e
dor de garganta, além das gastrointestinais, náusea, vômito e prisão de ventre.

Cerca de 1% dos infectados pelo vírus
pode desenvolver a forma paralítica da doença, que pode causar sequelas
permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte.

Rubéola

A rubéola é uma doença aguda, de alta
contagiosidade, transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus. A doença também é
conhecida como sarampo alemão.

No campo das doenças
infectocontagiosas, a importância epidemiológica da rubéola está associada à
síndrome da rubéola congênita, que atinge o feto ou o recém-nascido cujas mães
se infectaram durante a gestação. A infecção na gravidez acarreta inúmeras
complicações para a mãe, como aborto e natimorto (feto expulso morto) e para os
recém-nascidos, como surdez, malformações cardíacas e lesões oculares.

Os sintomas da rubéola incluem febre
baixa e inchaço dos nódulos linfáticos, acompanhados de exantema. A transmissão
acontece de pessoa para pessoa, por meio das secreções expelidas pelo doente ao
tossir, respirar, falar ou respirar.

Difteria

Doença transmissível aguda causada
por bacilo que frequentemente se aloja nas amígdalas, na faringe, na laringe,
no nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. A presença de placas
branco-acinzentadas, aderentes, que se instalam nas amígdalas e invadem
estruturas vizinhas é a manifestação clínica típica da difteria.

A transmissão acontece ao falar,
tossir, espirrar ou por lesões na pele. Portanto, pelo contato direto com a
pessoa doente. O período de incubação da difteria é, em geral, de um a seis
dias, podendo ser mais longo. Já o período de transmissibilidade dura, em
média, até duas semanas após o início dos sintomas.


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