Colesterol no cérebro está associado ao surgimento do Mal de Alzheimer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de maio de 2018 às 17:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:43
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Pesquisadores mostram que composto contribui para aglomerado de placas tóxicas associadas à doença

Um estudo liderado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido,
mostra que o colesterol também tem um papel importante no surgimento e na
progressão da doença de Alzheimer. Em testes feitos em laboratório, cientistas
mostraram que a presença do composto age como um “gatilho” para a
formação de aglomerados tóxicos relacionados à condição.

Chamados de proteína beta-amiloide, há muito tempo esses compostos são
indicativos da progressão da doença: eles se acumulam ao redor de neurônios e
atrapalham a transmissão de um impulso nervoso para o outro. Esse fato, por sua
vez, explica vários sintomas associados, como falhas na memória.
Progressivamente, essa proteína também favorece o acúmulo de placas que
deflagram a morte de células nervosas.

O achado foi publicado na “Nature Chemistry”, mas não é a
primeira vez que a ciência faz a relação entre colesterol e Alzheimer: estudos
anteriores já demonstraram que os mesmos genes que processam a gordura também
desencadeiam a progressão da doença.

Agora, o que os pesquisadores da Universidade de Cambridge demonstraram
é que o colesterol contribui para que várias células da beta-amiloide fiquem
juntas, favorecendo à formação das placas associadas à demência.

Atualmente,
nos consultórios, altos níveis de colesterol estão relacionados ao surgimento
de doenças cardiovasculares e diretrizes para a contenção do composto têm o
objetivo de prevenir o aparecimento de eventos cardíacos, como o infarto. Não
há clareza nesse momento, contudo, se alterações na dieta podem ter impacto no
Alzheimer como afeta doenças cardíacas.

Apesar disso, contudo, o achado sobre o colesterol é particularmente
importante porque a beta-amiloide está presente em níveis baixos no cérebro e
os cientistas não compreendiam o que levava à agregação que contribui para o
surgimento da demência. “Os níveis de beta-amilóide normalmente
encontrados no cérebro são cerca de mil vezes menores do que o necessário para
observá-lo agregando em laboratório – então, o que acontece no cérebro para
torná-lo agregado?”, descreve Michele Vendruscolo, pesquisador da
Universidade de Cambridge.

Foi então que os pesquisadores viram em testes in vitro que a presença de colesterol nas membranas
celulares pode atuar como um gatilho para a agregação de beta-amiloide. Com
isso, o controle do colesterol no cérebro poderia impedir o aglomerado que
favorece o surgimento da demência.


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