Colecionador tem mais de 300 brinquedos sobre o Velho Oeste

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 12 de outubro de 2020 às 10:30
  • Modificado em 29 de outubro de 2020 às 23:37
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Apaixonado, desde a infância, por histórias do Velho Oeste, Paulo Tosta tem mais de 300 peças

O Dia das Crianças acende nos adultos um espírito leve e de boas lembranças de um período tão único na vida de todos. Época de brincadeiras na rua, amizades leais, apego aos brinquedos favoritos… A data resgata memórias de momentos vividos intensamente. Muitos fazem questão de não deixar tudo isso guardado apenas nas lembranças e decidem levar consigo pelo resto da vida de forma palpável. Como é o caso do empresário Paulo Tosta Júnior, 56 anos. Ele coleciona brinquedos do Velho Oeste e reúne mais de 300 peças.

Apaixonado por histórias e filmes de faroeste desde os 6 anos, Paulo lembra que estava em uma festa na casa do vizinho e, durante uma brincadeira, precisou se agachar. Ao olhar debaixo de um armário, viu peças de cavalos. “Eles eram maravilhosos. Aquilo ficou gravado na minha mente e foi amor à primeira vista”, conta. Da infância, em Miguelópolis, cidade do interior de São Paulo, ele lembra do pai assistindo a séries como Rin tin tin, que conta história de um cachorro que acompanhava uma unidade da Cavalaria dos Estados Unidos.

Com o passar dos anos, ele começou a conhecer histórias do Velho Oeste e os brinquedos que ilustravam aqueles cenários selvagens do segmento. “À época, começava a chegar ao Brasil a empresa espanhola Casablanca, que vendia brinquedos, chamados figuras para o faroeste. Tinha índios, soldados, cavalos, aquilo influenciou uma geração. Assistíamos ao filme Fort Apache — que faz referências a episódios sangrentos da guerra da cavalaria estadunidense contra os índios —, foi sucesso de público”, relembra. Algumas fábricas de brinquedos passaram a produzir peças baseadas no longa. Como morava em uma cidade pequena, precisava se deslocar até Ribeirão Preto, a aproximadamente 112km de Miguelópolis, para comprar os artigos.

Ao completar 9 anos, Paulo ganhou as peças do Forte Apache, produzidas pela empresa Gulliver. “Eu passava o dia inteiro tocando a corneta, igual ao filme do Rin tin tin, fazendo barulho dentro de casa, até os vizinhos ouviam”, conta, sorrindo. Mas, com o passar dos anos, deixou a brincadeira de lado, deu os brinquedos para os sobrinhos e seguiu outros caminhos. Aos 50 anos, voltou a visitar aquele sonho antigo. “Com o acesso à informação como temos hoje, descobri blogs que falam sobre o Velho Oeste e voltei a viver essa nostalgia. Encontrei pessoas que viveram a mesma época e essa fascinação pelas duas marcas — Casablanca e Gulliver —, que vendiam os brinquedos.”

Conexão

Paulo lembra que passava horas nos sites admirando os cenários montados por outros apaixonados pelas peças. “Tudo baseado nos filmes da época. Eu ficava maravilhado, mas não tinha dinheiro para comprar aquilo tudo”, disse. Aos poucos, percebeu que a venda pela internet foi se expandindo. Nesse período, conheceu Klauss Lücke, 70, outro admirador e colecionador de peças do Velho Oeste. “Um alemão aficionado por plastimodelismo que vendia suas coleções, da marca Hausser Elastolin. Foi, então, que descobri que as réplicas produzidas pela Casablanca e Gulliver vieram dessa marca da Alemanha.” Desde então, ele começou a participar de leilões, comprando figuras, carruagens e outras peças.

Há 25 anos morando no Distrito Federal, Paulo abriu uma livraria, onde vende, também, peças do Velho Oeste. “Aqui, em Brasília, há algumas pessoas que têm coleções, mas elas costumam ser mais reservadas e não gostam de mostrar. As peças ficam guardadas, plastificadas. As minhas, não: deixo os outros verem, sem problemas. Todos ficam fascinados.”

Entre os fãs, está Paulo Eduardo Tosta, 9, filho mais novo do colecionador. “Ele ama e me inspira a buscar mais peças novas. Tenho essa vontade de deixar tudo isso para ele. É uma memória que me traz prazer e que será o mesmo para ele. Paulo Eduardo tem autismo leve, mas brinca com tudo. Sente essa identidade de que aquilo nos representa”, diz. As filhas mais velhas, de 25 e 34 anos, também acompanham o apego do pai aos brinquedos.

“A influência do Velho Oeste é muito forte na minha geração. Achava que era só no Brasil, mas, não. Gente do mundo inteiro ficou marcada por essas histórias. Hoje, consigo me conectar com diversas pessoas por meio das coleções, que se identificam com minha história, que guardam seus brinquedos até hoje. Além de uma paixão, encontrei, nessa coleção, uma forma de me conectar com o mundo.”


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