Coisas da vida

  • Aromas em Palavras
  • Publicado em 13 de abril de 2016 às 23:55
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:11
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Assim como na vida emocional, espiritual e intelectual, na vida olfativa também sofremos evoluções. Pensando nisso, a especialista em perfumes Tania Sanchez criou um mapa interessante para fazer-nos buscar na memória cada um desses aromas, convido vocês a voltar ao passado numa viagem deliciosamente olfativa por várias fases da vida. Divido com vocês a minha, e os convido a fazer o mesmo, relembrando esses momentos.

Fase 1 – Banheiro dos pais

Deliciosas aventuras (claro, de portas fechadas) em abrir a bonita e brilhante caixinha azul do perfume Joop Femme que minha mãe usava, e usa até hoje, era um cheiro reconfortante como se fosse uma segunda pele para ela. Até hoje me sinto bem quando sinto esse aroma. Já meu pai costumava usar sempre Azzaro, o tradicional da embalagem marrom, um dos perfumes mais vendidos no mundo, o amadeirado perfeito em minha opinião.

Já na casa dos meus avós o delicioso cheiro de Bozzano que meu avô usava para pincelar o rosto para se barbear e logo depois uma deliciosa lavanda que vinha em lindos frascos, cada vez ele comprava uma que usava juntamente com a minha avó, em lindas embalagens verdes ou então laranjas (me arrependo de nunca ter guardado um daqueles vidros). E claro, em ocasiões especiais Polo verde para ele, Gabriela Sabatini para ela.

Já no mundo infantil, tudo se resumia em Ma Cherie, a sensação adolescente do Boticário, aquele lindo vidro arredondado que era cautelosamente usado em sociedade com a minha irmã. Um liquido rosa com cheiro de maior idade (afinal, bebês usavam Johnson).

Fase2 – Ambição e Inocência

A temida fase da adolescência que mistura muito bem esses dois sentimentos. Talvez um presente ou um produto comprado, algo sofisticado de prazeres adultos e/ou vidros grandes de litro para ser usado em quantidade.

O que mais me lembro era de um conjunto ganhado no meu aniversário de 15 anos (quem me deu, até hoje não sei, favor se identificar se ainda se lembrar), três frascos pequenos que mais pareciam um tubo de ensaio e vinham numa caixinha, da Natura, o XYZ. Uma estratégia furada da marca de criar três fragrâncias que teoricamente ‘combinavam’ entre si e você poderia fazer essa mistura em sua pele. Sinceramente uma tentativa totalmente frustrada que acabou sendo encostado em algum canto e foi para o lixo depois de um único vidrinho ter sido usado, e os outros dois continuarem quase intactos.

Fase 3 – Flores e Algodão Doce

Essa fase parte do pressuposto que perfumes femininos têm que ser florais ou igual bala, e que todo resto é uma perversão incompreensível.

A primeira fragrância que eu realmente escolhi, e para algumas pessoas que me conhecem desde aquela época ficou sendo minha marca registrada por anos. Um perfume que adoro até hoje, mas há muitos anos não uso, Floratta in Blue do Boticário. Um vidro azul hortência lindo, que se alterou com o tempo, mas ainda continuo preferindo sua embalagem original. Uma fragrância fresca e que tinha uma ótima fixação, tinha um leve fundo de talco o que a deixava ainda mais reconfortante.

Fase 4 – Primeiro Amor

É o tipo de perfume que marca a fase que divide a vida entre o antes e o depois que você o usa. Em minha vida ele se chama Romance, um clássico da Ralph Lauren. Um perfume delicado, cheio de sofisticação e personalidade. O perfume que fazia eu me sentir linda até de moletom, mas era usado somente em ocasiões especiais. Sou totalmente apaixonada até hoje.

Fase 5 – Decadência

Uma ideologia do gosto. Amor pelos pesos pesados ou pelos quase lá. A era dos couros, patchoulis, tabacos, âmbares. Ou de aquarelas pálidas em tons vegetais. Obsessão pelo que é difícil de achar.

Essa fase em minha vida foi marcada por um dos primeiros perfumes lançados pela cantora Jennifer Lopez, Still. Que também batizava uma canção muito famosa da cantora na época. Uma fragrância que eu definiria hoje em dia como interessante. Há alguns meses tentei novamente usá-lo, mas foi uma tentativa frustrada. Na tentativa de explicar melhor é como se o nariz ficasse coçando a cada vez que eu respirava após borrifa-lo. Do único frasco comprado em uma viagem à Nova York, ainda guardo um anel que enfeitava o gargalo do vidro.

Fase 6 – Iluminação

Ausência de ideologia. Desconfiança do super elaborado, do super caro e do misterioso. Satisfação pelas coisas como elas são.

Ainda não atingi totalmente essa paz, afinal sou uma amante dos perfumes. Apesar de ter adotado um novo cheiro meu depois de todas essas fases, o Chance da Chanel, ainda gosto de me arriscar a conhecer novos aromas. Mas sem essa cisma com os produtos caros e complicados para comprar, afinal nem toda complicação vale a pena na vida!

E você, se identifica em alguma dessas fases?!

*Esta coluna é semanal e atualizada às quintas-feiras.


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