Circulação de dengue tipo 2 em 19 cidades coloca Estado de SP em alerta

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 02:02
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:20
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Forma mais grave da doença já circula de maneira consistente em Barretos, Bebedouro e Ribeirão Preto

A circulação do
sorotipo 2 da dengue em 19 cidades foi detectado em São Paulo e colocou o
estado em alerta. Desde 2016, apenas o sorotipo 1 da dengue circulava nos
municípios paulistas.

Pessoas infectadas
por sorotipos diferentes em um período de seis meses a três anos podem ter uma
evolução para formas mais grave da doença. De acordo com o governo do estado,
foram contabilizados 610 casos de dengue até o dia 15 de janeiro.

O número é
similar ao verificado no ano passado e, segundo a Secretaria Estadual de Saúde,
não representa um quadro preocupante. “Apesar de não ser ainda a maioria dos
casos, a dengue tipo 2 está circulando já de maneira mais consistente nos
municípios da região de Araçatuba, São José do Rio Preto e um pouco em Ribeirão
Preto”, disse o infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de
Doenças da Secretaria Estadual de Saúde.

Dos 645 municípios
paulistas, o sorotipo 2 foi detectado em Andradina, Araraquara, Barretos,
Bauru, Bebedouro, Catanduva, Espírito Santo do Pinhal, Indiaporã, Ipiguá,
Itajobi, Mirassol, Pereira Barreto, Piracicaba, Pirangi, Ribeirão Preto, Santo
Antônio de Posse, São José do Rio Preto, Uchoa e Vista Alegre do Alto.

Ele disse que a dengue tipo 2 não é “especialmente pior”. O
risco está relacionado à superposição de vírus. “Estava circulando o tipo 1 até
agora, e quando circula um tipo e aparece um novo sorotipo do vírus, pode ser
2, 3 ou 4, no caso é o 2, aí pode ter uma evolução para maior gravidade para
quem já teve dengue 1”, explicou.

O infectologista esclareceu que não é mais utilizada a
nomenclatura dengue hemorrágica, pois nem todos os casos graves de dengue
evoluem com hemorragia.

Segundo Boulos, as equipes de saúde das cidades em que a
circulação do tipo 2 foi identificada estão sendo orientadas a dar uma
assistência mais cuidadosa aos pacientes com suspeita da doença. “Em um caso de
dengue no ano passado, quando só circulava o tipo 1, se o paciente estava bem,
se tomava líquido pela boca, mandava para casa e, se tivesse alguma coisa,
voltaria. Hoje, para fazer isso, eu tenho que ter convicção. Talvez ficar mais
tempo com o paciente no hospital para acompanhar a evolução”, explicou.

O infectologista disse que não há uma explicação para o início
da circulação do novo sorotipo. “É aleatório. Esses vírus circulam no mundo
todo. Quando você tem o Aedes [aegypti], que é o nosso caso, se vem uma pessoa
que está com dengue 2 ou 3 e ele é picado pelo vetor, pode replicar esse
vírus”, explicou. A melhor forma de prevenção, portanto, independentemente do
sorotipo, é evitar a proliferação do mosquito.

De acordo com Boulos, há quatro sorotipos de dengue, sendo que
três deles circulam no Brasil. Em São Paulo, neste momento, circulam os
sorotipos 1 e 2. “Houve uma detecção do tipo 3 agora na região de Araçatuba,
mas um caso só. Então se for causar problema, é daqui 2 ou 3 anos, agora não.
Nós não temos o 3”, destacou.

Febre amarela

A Secretaria de Estado da Saúde está reforçando as orientações
aos municípios do Vale do Ribeira para a intensificação das estratégias de
vacinação contra a febre amarela.

A região concentra
12 casos confirmados de febre amarela neste ano, dos quais seis evoluíram para
óbitos. O balanço é de 21 de janeiro. As vítimas foram infectadas nos
municípios de Eldorado (9 casos, 4 mortes); Jacupiranga (1 morte); Iporanga (1
morte) e Cananeia (1 caso).

Os casos silvestres da doença são transmitidos pelo mosquito
Haemagogus e Sabethes. Já no meio urbano, a transmissão se dá pelo mosquito
Aedes aegypti. Não há casos de febre amarela urbana no Brasil desde 1942.

O Vale do Ribeira passou a ter recomendação da vacina contra
febre amarela há cerca de um ano, mas a cobertura vacinal na região é de 66%,
até o momento.

Todos os paulistas,
que ainda não estão imunizados, tem recomendação para a vacina contra a febre
amarela, especialmente os que moram ou visitam áreas com vegetação densa. A
vacina está disponível nos postos de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) e,
para proteção efetiva, deve ser tomada pelo menos dez dias antes de viagens ou
deslocamentos para áreas de mata.

Balanço

A cobertura vacinal no estado contra febre amarela é de 65%, em
média, com variação entre as regiões. Na Baixada Santista, o percentual é
similar. No Vale do Ribeira, a cobertura é de 66%. No Vale do Paraíba e Litoral
Norte, chega a 85%. Em 2018, foram confirmados 502 casos de febre amarela
silvestre, dos quais 175 resultaram em morte. Em 2017, foram 74 casos e 38 mortes.


+ Saúde