Cientistas da Unesp sintetizam molécula que elimina vírus da hepatite C

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de novembro de 2018 às 20:55
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:10
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Pesquisadores da Unesp realizaram pesquisa de novo composto com apoio da Fapesp

Pesquisadores da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) sintetizaram um novo composto que inibe
a replicação do vírus da hepatite C em diversos estágios de seu ciclo.

O estudo, feito com
apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
consistiu na combinação de moléculas já existentes para produzir novos
compostos biológicos, método denominado bioconjugação.

O novo composto, denominado AG-hecate, também é capaz de agir em
bactérias, fungos e células cancerosas.

Segundo um dos autores do estudo, o químico Paulo Ricardo da
Silva Sanches, esse tipo de atuação não é comum nos antivirais que normalmente
têm alvos específicos isolados, inibindo processos específicos como a entrada
do vírus nas células, a síntese do material genético e de proteínas, a montagem
e liberação de novas partículas virais. “O AG-hecate, ao contrário, apresentou
ampla atividade, agindo em diversas etapas do ciclo. O composto também
apresentou atividade nos chamados ‘lipid droplets’ – gotas de lipídeo no
interior das quais o vírus circula nas células e que o protegem do ataque de
enzimas. O AG-hecate desestrutura essas gotas de lipídeo e deixa o complexo
replicativo do vírus exposto à ação das enzimas celulares”, disse o químico.

Molécula

De acordo com o estudo, o composto também mostrou alto índice de
seletividade, o que significa que ele ataca muito mais o vírus do que a célula
hospedeira, mostrando potencial para atacar a doença. “Apesar do composto
apresentar pequena atividade nos glóbulos vermelhos do sangue, a molécula
precisa passar por alterações em sua estrutura para reduzir ainda mais a sua
toxicidade. É nisso que estamos trabalhando agora, para que a pesquisa possa
evoluir da fase in vitro para a fase in vivo”, afirmou Paulo Ricardo.

O estudo e o desenvolvimento da molécula AG-hecate demorou cerca
de dois anos. Até que entre no mercado e passe a ser utilizada serão
necessários mais oito anos, já que o tempo médio para planejamento e
desenvolvimento desse tipo de medicamento é de dez anos. 

Para o professor Eduardo Maffud Cilli, orientador do
estudo, a molécula também age em bactérias, fungos e células cancerosas. No
caso do câncer, a molécula interage e destrói a membrana da célula afetada.
“Além disso, como os vírus do zika e da febre-amarela apresentam ciclos
replicativos bastante parecidos com o do HCV, vamos testar a efetividade do
AG-hecate também em relação a esses vírus”, concluiu.


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