Cientistas comprovam que o aprendizado da linguagem é mais fácil a partir de 2 anos

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  • Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 17:18
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:30
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Além de aprender com muita facilidade, quem fala duas ou mais línguas tem mais concentração

Aplicada não apenas ao âmbito profissional, a fluência em outra língua pode proporcionar experiências incríveis. A melhor fase para começar a aprender um novo idioma é durante a infância, de acordo com cientistas do Kings College em Londres, e da Brown University em Rhode Island.

Os profissionais estudaram 108 crianças com desenvolvimento cerebral normal, com idades entre um e seis anos, e descobriram que antes dos quatro anos de idade, quando ligações entre neurônios se desenvolvem para processar novas palavras, as influências exteriores exercem maior impacto sobre os pequenos. A pesquisa, publicada no The Journal of Neuroscience, comprova que o cérebro está mais propenso ao processo de aperfeiçoamento da linguagem entre dois e quatro anos de idade. É que na faixa entre seis meses e quatro anos, há uma janela cerebral nas crianças. Isso significa que estão se formando circuitos de linguagem. Os neurônios, se estimulados, podem fazer novas conexões e especializações. Apresentar um novo idioma ao seu filho, nessa idade, torna a tarefa do aprendizado mais fácil, sim. Há maior chance de ele falar sem sotaque, já que as estruturas nervosas básicas ainda estão em formação. “Além disso, as crianças aguçam a compreensão auditiva e tornam-se capazes de distinguir sons semelhantes, como no inglês, bed (cama) e bad (mau). Só de ouvir, elas já vão absorver a língua assim como fazem com o português”, explica a psicopedagoga Lourdes Fonseca Coelho, que completa: “outra consequência é o aumento da agilidade e das competências cognitivas”.

Além de aprender com muita facilidade e da forma mais correta, quem fala duas ou mais línguas tem maior poder de concentração, de acordo com estudos. Isso ocorre, segundo a psicopedagoga, porque a criança descobre antes que há mais de uma palavra – representação – para o mesmo objeto, o que melhora sua capacidade de abstração e amplia a atividade cerebral.

É bom ou ruim?

Mas os especialistas dividem opiniões sobre esse contato tão precoce: ele não pode confundir a cabeça da criança? “A ideia de que um novo idioma pode confundir as crianças é a mais frequente entre os pais, mas não está correta. Muitos neurocientistas, de todo o mundo, já provaram que um novo idioma só ajuda. Com a nova língua eles (as crianças) ganham mais facilidade em aprender novas palavras”, exemplifica Lourdes.

Outros especialistas sustentam que as crianças expostas a vários idiomas são mais criativas e desenvolvem melhor as habilidades de resolução de problemas. E, além disso, falar um segundo idioma, ainda que seja só durante os primeiros anos de vida, a ajudará a programar os circuitos cerebrais para que lhe seja mais fácil aprender novos idiomas no futuro. “A imersão de crianças em um ambiente bilíngue oferece diversos benefícios ao desenvolvimento infantil. Entre eles estão a melhora da fala e articulação, aumento da percepção auditiva, aprimoramento da estruturação do pensamento, além de apresentar um novo mundo com diferentes expressões e culturas”, enfatiza a psicopedagoga.