Cientistas buscam cura do coronavírus com terapia utilizada contra o câncer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 21 de abril de 2020 às 19:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:38
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Imunoterapia envolve a extração de células imunes do sangue do paciente, que são modificadas em laboratório

Cientistas da Duke-NUS Medical School (Duke-NUS), faculdade de medicina de Cingapura, exploram a possibilidade de usar células imunes do próprio organismo para combater doenças infecciosas como a Covid-19. 

Essa técnica, chamada de imunoterapia, já é usada no tratamento de diferentes tipos de câncer e de outros doenças infecciosas, como a hepatite B. ​​

As informações foram publicadas na revista acadêmica Journal of Experimental Medicine nesta terça-feira (21).

A terapia envolve a extração de células imunes – chamadas linfócitos T – da corrente sanguínea de um paciente e o mecanismo de ação de um dos dois tipos de receptores para eles: receptores quiméricos de antígeno (CAR) ou receptores de células T (TCR). 

Esses receptores permitem que os linfócitos T manipulados por cientistas reconheçam células cancerígenas ou infectadas por vírus. 

Os TCRs são naturalmente encontrados nas superfícies dos linfócitos T, enquanto os CARs são receptores artificiais de células T produzidos em laboratório.

Esta terapia é classicamente usada no tratamento do câncer, onde os linfócitos dos pacientes são redirecionados para encontrar e matar as células cancerígenas. 

“No entanto, seu potencial contra doenças infecciosas e vírus específicos não foi explorado”, afirma Anthony Tanoto Tan, pesquisador sênior da Duke- Programa de Doenças Infecciosas Emergentes (EID) da NUS.

Algumas infecções, como [as causadas pelos vírus] HIV e HBV [da hepatite B],  também podem ser um alvo perfeito para essa terapia

Especialmente se os linfócitos forem projetados de maneira a ficarem ativos por um período limitado de tempo, pois isso diminui os possíveis efeitos colaterais”, acrescenta.

Esse tipo de imunoterapia requer pessoal e equipamento especializados e precisa ser administrado indefinidamente. Isso o torna inviável em termos de despesas para o tratamento da maioria dos tipos de infecções virais.

No entanto, no caso de infecções por HBV, por exemplo, os tratamentos antivirais atuais apenas suprimem a replicação viral e curam menos de 5% dos pacientes. 

Tratar essas pessoas com uma combinação de anti-virais e células T CAR/TCR pode ser uma opção viável.

Foi demonstrado que as células T podem ser redirecionadas para atingir o coronavírus responsável pela SARS. 

“Nossa equipe começou a explorar o potencial da imunoterapia com células T CAR/TCR para controlar o vírus causador da covid-19,  o SARS-CoV-2, e proteger pacientes que tenham sintomas “, disse o professor Antonio Bertoletti, do programa EID da Duke-NUS.


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