Checar mensagens de trabalho pós-expediente prejudica sua saúde

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de setembro de 2018 às 15:52
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:59
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Novo estudo diz que não preciso chegar e-mail e mensagens para sofrer efeitos negativos no bem-estar

Seu turno de trabalho acabou,
você já está em casa e é hora do jantar da família. Mas, em vez de relaxar,
você começa a pensar na possibilidade de ter recebido alguma mensagem
importante no e-mail profissional ou no grupo de WhatsApp da empresa.
Imediatamente, você fica distante. Momentos depois, com alguns toques na tela
do celular, você está de volta ao ambiente de trabalho. O jantar e a família
ficaram em segundo plano.

Muitos de nós já passamos por situações como essa. De
acordo com um novo estudo do Instituto Tecnológico da Universidade de Virgínia,
nos Estados Unidos, conhecido por Virginia Tech, a simples expectativa de
checar mensagens do trabalho no horário de folga faz mal para a saúde e o
bem-estar.

Ou
seja, para sofrer os efeitos negativos, você nem precisa efetivamente entrar no
e-mail ou no WhatsApp, basta apenas se preocupar com isso.

Tecnologia produziu um cenário de ‘trabalho sem
fronteiras’

A possibilidade de trabalhar remotamente é frequentemente vista como um
benefício das tecnologias de comunicação. Mas, alertam os autores do estudo,
“as fronteiras flexíveis do trabalho” acabaram se transformando em
“trabalho sem fronteiras”, o que prejudica a vida pessoal.

A explosão da internet alimentou a proliferação de dispositivos
eletrônicos, criando uma sociedade conectada o tempo todo. Isso intensificou em
muitas organizações as expectativas quanto à disponibilidade dos funcionários
após o expediente. Como resultado, as fronteiras entre o trabalho e a vida fora
do trabalho ficaram pouco definidas, diz o estudo.

Assim, quando um funcionário está em seu momento de descanso e se
preocupa com checar as mensagens do trabalho, ele acaba dando menos atenção
para as suas relações pessoais. Além disso, ele precisa ficar trocando de
papéis o tempo todo – ora membro da família, ora funcionário -, o que pode
gerar conflitos emocionais. 

Prejuízos à família

Para realizar a pesquisa, Becker conduziu estudos com mais de
200 pessoas nos Estados Unidos. Além de funcionários que precisam checar os
canais de comunicação do trabalho na hora de folga, também acompanhou seus
familiares. E descobriu que eles também são prejudicados.

Os
problemas são vários. Em primeiro lugar, a pessoa que está preocupada com o
trabalho fora do expediente pode ficar distante, mexendo no celular o tempo
todo, sem se engajar nas atividades de sua vida pessoal.

Além
disso, “o indivíduo pode acabar ficando preso nos seus esquemas de
trabalho, que podem não ser adequados para desempenhar seus papéis em casa. Por
exemplo, se uma pessoa tem um trabalho em que precisa ter uma posição dominante
e distante psicologicamente, isso pode dificultar que desempenhe um papel de um
parceiro cuidadoso e aberto”, diz o estudo.

Por fim,
ainda segundo a pesquisa, a sensação de ansiedade sentida pelo funcionário que
precisa ficar “on” o tempo todo pode ser “erroneamente atribuída
a quem faz parte do seu convívio, provocando um aumento de conflitos e
colocando em perigo os relacionamentos”, afirma a pesquisa. 

Como reduzir os danos do trabalho remoto?

Os autores da pesquisa recomendam que os empregadores reduzam
a expectativa sob seus funcionários quando estes estiverem de folga. Mais
especificamente, que não cobrem que seus empregados fiquem constantemente
monitorando os canais de comunicação do trabalho.

Caso
isso não seja possível, a recomendação é estabelecer em quais faixas de horário
o funcionário precisa ficar atento às mensagens.

Em
outras palavras, estabelecer fronteiras claras de onde começa e termina o
trabalho – e onde começa e termina o tempo livre.


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