Conjuntivite alérgica em crianças aumenta no período do outono-inverno

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 17 de maio de 2018 às 01:13
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:44
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Crianças que apresentam rinite alérgica estão mais propensas a apresentar alergias oculares

Todos os pais sabem
que outono e inverno são sinônimos de agravamento de problemas alérgicos,
respiratórios e oftalmológicos, como a conjuntivite alérgica. Esta condição é
mais comum entre os meses de abril e setembro e afeta, principalmente, crianças
que já apresentam quadros de alergia respiratória, como a rinite.

Estima-se que as alergias oculares, como a
conjuntivite, afetam de 15 a 20% da população mundial, sendo o clima um dos
principais fatores de risco. De acordo com uma pesquisa realizada pelo
Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as
causas mais comuns da conjuntivite alérgica são pó, ácaros e pólen.

Segundo a oftalmopediatra, Dra. Marcela Barreira,
geralmente a conjuntivite alérgica está associada a um quadro respiratório, como
a rinite. “O clima mais frio é o principal desencadeador das crises alérgicas.
Isso porque há uma maior exposição aos agentes alergênicos, como pó e ácaros. É
muito comum no outono e no inverno, quando as crianças ficam mais dentro de
casa e têm um maior contato com cobertores, tapetes e malhas de lã, objetos
muito propícios ao acúmulo de pó e ácaros”, observa.

Rinite aumenta risco de alergia ocular

De acordo com o Estudo Internacional sobre Asma e
Alergias na Infância (ISAAC), no Brasil cerca de 29% dos adolescentes e 25% das
crianças em idade escolar sofrem com sintomas relacionados à rinite alérgica e,
portanto, estão mais suscetíveis a apresentarem também alergias oculares e
outras alergias, como dermatites, por exemplo. “Pacientes com conjuntivite alérgica apresentam
coceira nos olhos, vermelhidão e secreção. Entretanto, diferentemente da
conjuntivite provocada por bactérias ou vírus, a secreção da conjuntivite
alérgica é mais clara e a coceira é muito mais intensa. É também um tipo de
conjuntivite mais prolongada, mais crônica, diferente dos quadros agudos,
característicos das conjuntivites infecciosas”, comenta Dra. Marcela.

A oftalmopediatra explica que outra diferença da
conjuntivite alérgica para as conjuntivites bacterianas ou virais é o tempo de
resolução. “Nas conjuntivites infecciosas o tratamento é rápido e a condição
costuma se resolver entre 7 e 14 dias. Já as conjuntivites alérgicas duram mais
tempo e o tratamento deve levar em consideração também o tratamento preventivo
da alergia para evitar crises”, afirma.

Como é feito o tratamento

De acordo com Dra. Marcela, assim como todo quadro
de alergia, a conjuntivite alérgica tem picos de melhora e de piora e, por
isso, dependendo da frequência com que ela aparece, o tratamento pode ir além
de antialérgicos e colírios. “Existem crianças que apresentam um quadro um
pouco mais intenso e frequente. Se não for tratada corretamente, a conjuntivite
alérgica pode causar sequelas, como lesões de córnea”, explica.

A escolha do melhor
tratamento e a necessidade de cada criança são determinadas pelo
oftalmopediatra. Mas, em alguns casos, pode ser necessário o uso de
corticoides, por exemplo.

Prevenção

Se seu filho (a) é alérgico (a), é possível adotar
algumas medidas preventivas que ajudarão a evitar o desencadeamento das crises:

– Mantenha a casa e o quarto das crianças sempre
limpos, evitando o acúmulo de pó

– Preste atenção principalmente nos bichinhos de
pelúcia, que tendem a acumular ácaros e poeira. O ideal é mantê-los guardados,
para evitar o acúmulo de poeira

– No quarto da criança evite colocar cortinas e
tapetes. Se colocar, lave-os a cada 15 dias

– Lave as roupas de lã e/ou de frio antes de
usá-las. Geralmente são agasalhos que ficam muito tempo guardados, acumulando
ácaros e, às vezes, até desenvolvendo mofo

– Tome cuidado com o ar condicionado. O filtro deve
ser sempre limpo

– Em vez de vassouras, prefira o aspirador de pó,
que não espalha a poeira no ar e passe um pano úmido no chão em seguida

– Lembre-se que travesseiros e colchão também
acumulam ácaros. Coloque-os para tomar sol ou use capas antialérgicas.


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